sexta-feira, 26 de junho de 2020

“Tornar-se indivíduo” segundo Paul Ricoeur


Segundas Séries




Paul Ricoeur (1913-2005) foi um filósofo francês do período que seguiu a II Guerra Mundial. Além de filósofo, foi pesquisador na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
Para ele, o indivíduo possui duas dimensões:
(1) como membro de uma sociedade
(2) ser independente e autônomo, a que ele denomina no “sentido moral”.
Enfim, para ele o ser humano é um indivíduo autônomo e independente.
Paul Ricoeur questiona o processo de individualização. Como nos individualizamos? Nos individualizamos através da Linguagem.
A Linguagem é o ponto de partida; por meio dela nos expressamos e dizemos o mundo, ou seja, é a uma forma de colocar para fora aquilo que pensamos.
Através da linguagem o ser humano é capaz de dizer o indivíduo de três formas:

I. DESCRIÇÕES DEFINIDAS: existe um entrecruzamento de categorias para designar um indivíduo “O executivo que sempre compra o jornal de esportes”
EXECUTIVO: de todos os executivos nos referimos ao que sempre compra o jornal de esportes.
JORNAL DE ESPORTES: de todas as pessoas do mundo nos referimos ao indivíduo que sempre compra o jornal.

II. NOMES PRÓPRIOS: definição específica e permanente (singularidade do indivíduo) “Luis eu me refiro ao Luis, resta me especificar suas propriedades: O Luis da casa azul da esquina.”

III. INDICADORES: que podem ser pronomes pessoais (eu e tu); pronome demonstrativo (isto e aquilo); advérbio de lugar (aqui e além); advérbio de tempo (amanhã e agora); além de outras categorias gramaticais.
Os indicadores são diferentes dos nomes porque podem designar seres diferentes.

Ipseidade
Aquilo que é determinante para diferenciar um ser de outro(s); o atributo próprio, característico e único de um ser, que o difere dos demais.
A Ipseidade é a fala que usamos para dizer o que pertence ao indivíduo à sua singularidade. Aquilo que entre os vários de uma espécie, diferencia um só.
Somos seres que nos caracterizamos por intuir o mundo pela linguagem. Ela nos proporciona o que somos: seres que fazem uso desta linguagem para se expressar, ouvir e interpretar.
Dizer quem somos: quem é este (eu), para falar deste (eu) temos que narrar e ao narrar somos obrigados a dizer a ação desse sujeito.
Tudo isso se dá pelas nossas ações, as ações no difere e nos coloca como seres únicos dentre muitos.

Exercícios:
1- A ética propõe reflexão acerca dos valores que servem de sustentáculo às ações humanas, os quais são aceitos como bons ou maus, corretos ou incorretos, justos ou injustos, com base naquilo que é estabelecido pelas civilizações humanas que vivem e convivem em um determinado tempo e em um determinado local, mantendo intensa interação cultural, política e econômica com outras tantas comunidades humanas nacionais e transnacionais.
Tendo como referência o conteúdo impresso no texto base, é plausível conceber a ética como:

a.       Um tratado filosófico que visa a estabelecer receituário meramente prático às ações humanas de caráter moral. Nesse sentido, como o ser humano dever agir se constitui em uma tomada de decisão estritamente individual.

b.      Um processo de reflexão dos princípios que servem de substrato às ações humanas morais que são próprias para cada contexto social e de cada espaço de convivência humana, possuindo uma dimensão comunitária, intercomunitária e/ou planetária.

c.       Uma descrição das normas de boa convivência humana, que independem dos fatores tempo e espaço no que se refere à comunidade humana a quem se lhes aplicam normas morais.

d.      Uma reflexão dos princípios morais que sustentam a vida das civilizações pertencentes ao mundo ocidental. Assim, tendo em vista o modo de vida dos povos indígenas, por exemplo, não nos é permitido realizar nenhum tipo de reflexão ética ou moral relativamente aos seus costumes, suas tradições e suas regras de comportamento social.

e.       Uma reflexão acerca das ações humanas livres, que são determinadas com base em padrões morais absolutos e universais. Nesse sentido, as ações humanas se revestem de uma moralidade anti-histórica e antissocial.

2- Vida moral e exercício da cidadania estão profundamente imbricados e são também uma exigência para o bem viver na contemporaneidade. Com base nessa informação, é correto afirmar:

a.       O exercício da cidadania não implica uma vida moral.

b.      O aprendizado da convivência não implica nada de moralidade.

c.       A vivência da moralidade não tem nenhuma relação com a cidadania.

d.      A vivência da moralidade não se relaciona com nada que implique a vida no coletivo.

e.       A vivência da moralidade é condição de construção do bem estar coletivo e colabora para que os interesses individuais não se sobreponham aos interesses da maioria.

3- A função fundamental da ética consiste em capacitar o ser humano a:
a.       desconsiderar a opinião alheia e seguir só os seus instintos.

b.      vigiar e punir a conduta humana, respeitando certos limites.

c.       escolher a opinião alheia que deve pautar o comportamento de todos.

d.      investigar a conduta moral do homem na sociedade e refletir sobre ela.

e.       agir em função dos interesses próprios, na busca da realização dos seus desejos.

4- “O sujeito ético procede a um descentramento, tornando-se capaz de superar o narcisismo infantil, e move-se na direção do outro, reconhecendo sua igual humanidade.”
(ARANHA; MARTINS, 2009, p. 23).
Com base nessa afirmativa, que expressa uma atitude de um sujeito ético, é correto afirmar:

a.       Respeitar aos outros é condição de não moralidade.

b.      Promover discriminação e preconceito é tarefa de um sujeito ético.

c.       A submissão e o temor são marcas de uma educação para a autonomia.

d.      Incentivar a violência em qualquer nível é uma marca de um sujeito ético.

e.       Considerar o outro como também um sujeito de direitos é fundamental para a convivência democrática e cidadã.

5- O texto publicado na Revista Veja pelo leitor Marcelo Saramago da cidade do Rio de Janeiro, demonstrando a sua indignação com a atual conjuntura política dos transportes, no Brasil, comenta que:
 “O que são 20 centavos em comparação ao mensalão? O que são 20 centavos perto de todas as obras superfaturadas, inacabadas ou mal-acabadas? O que são 20 centavos quando há vários políticos condenados (que nós ainda não conseguimos entender por que não estão atrás das grades), querendo calar o Ministério Público e arregimentar a Justiça? Vinte centavos foram o pingo que faltava para transbordar a nossa paciência, para tirar todos que bancam essa farra da inércia.”
Fonte: REVISTA VEJA. São Paulo: Abril, ano 46, nº 26, 24 jun. 2013.
Pode-se observar na carta do leitor um questionamento para uma melhor compreensão da realidade política brasileira. Essa é uma característica da filosofia, denominada
a -  metafísica.

b-      paradigma.

c-      indução.

d-     reflexão.

e-      paixão.

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