quinta-feira, 18 de junho de 2020

2ª aula de Filosofia - Filosofia da Ciência

Primeiras Séries



O Empirismo e o desenvolvimento das Ciências Naturais no Período Moderno
O modelo de investigação instituído por diversos cientistas, em especial por Galileu Galilei e por Isaac Newton, baseava-se, entre outros princípios, na observação e na experimentação. Na obra de Newton, Óptica,na qual Newton trata do método científico, podemos ver as características dessa metodologia de sua análise:
“[...] análise consiste em fazer experimentos e observações, e em traçar conclusões gerais deles por indução, não se admitindo nenhuma objeção às conclusões, senão aquelas que são tomadas dos experimentos. [...] Pois as hipóteses não devem ser levadas em conta em Filosofia experimental”.
NEWTON, Isaac, Óptica. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 297-298. (Coleção Pensadores)
O Empirismo e a Ciência
Os Empiristas afirmam que a origem do conhecimento está na experiência sensível. No entanto, há dois questionamentos frequentemente realizados pelos filósofos da ciência:
A observação é fiel à realidade?
- É bastante conhecido, pelo senso comum, que a ciência se inicia com a observação da realidade e que por meio da observação obtêm-se dados com base nos quais são elaboradas as leis. E as leis, por sua vez, são integradas em teorias, elaboradas para descrever ou explicar a realidade. Os expoentes da corrente filosófica empirista são os filósofos ingleses: John Locke e David Hume. Locke entendia que por meio da percepção  o cientista ou qualquer ser humano tem acesso direto a algumas propriedades dos objetos externos à mente , - propriedades chamadas de qualidades primarias.
Do particular das percepções ao universal da ciência: o problema da indução.
As observações deveriam ter objetividade, mas são feitas pela percepção do observador e dependem da experiência sensível de cada um. Por isso, uma questão importante para a Filosofia da ciência é o quanto é válido conciliar as observações particulares, para chegar às afirmações universais, ou seja, a generalização das leis científicas. Nada garante que a generalização realizada com base em afirmações particulares seja necessária, isto é, que não possa ser diferente.

Indutivismo
Indutivismo: Ciência como conhecimento dos dados da experiência. (século XVII)
1)  Para o senso comum uma concepção muito aceita é a de que “conhecimento científico é conhecimento provado a experiência tornou-se a fonte do conhecimento.
2) Indutivismo ingênuo: A ciência começa com a observação; a observação faz algumas afirmações a respeito do estado do mundo, ou de alguma parte dele, podem ser justificadas ou estabelecidas como verdadeiras de maneira direta pelo uso dos sentidos do observador não preconceituoso.
Afirmações singulares referem-se a uma ocorrência específica ou a um estado de coisas num lugar e num tempo específico. É claro que todas as proposições de observação serão afirmações singulares. O raciocínio indutivo faz o movimento das afirmações singulares para que alcancem as proposições universais.
3)    Princípio da indução: “Se um grande número de “As” foi observado sob ampla variedade de condições, e se todos esses “As” observados possuíam sem exceção a propriedade “B”, então todos os “As” têm a propriedade “B”.
4)    Qual o processo para a elaboração de previsões e explicações: levar a indução à dedução.
* Atos particulares
* Proposição de observação
* Conclusão universal
* Processo dedutivo

Exercícios: Leiam com atenção e respondam às questões.

1) Conforme o “indutivismo”, a ciência é um conjunto de leis gerais extraídas da experiência e observação. Qual proposição a seguir é, segundo o indutivismo, um exemplo de lei científica?
A - Uma maçã caiu na cabeça de Newton numa tarde de verão.
B - Ontem, Marte foi visto no céu alinhado com a lua.
C - Uma barra de metal aquecida se expandiu.
D - Sempre acordo com fome.
E - As baleias são mamíferos.
2) (UNICAMP SP/2015) “A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constitui suficiente prova de que não é inato”.
(John Locke, Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p.13.)
O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia parte,
a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua aquisição deriva da experiência.

b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhecimentos possam ser obtidos.

c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar a existência de ideias inatas.

d) defende que as ideias estão presentes na razão desde o nascimento.

Utilize o texto para responder às questões de números 3 e 4.
"Se fosse adequado incomodá-lo com a história deste Ensaio, deveria dizer-lhe que cinco ou seis amigos reunidos em meu quarto, e discorrendo acerca de assunto bem remoto do presente, ficaram perplexos, devido às dificuldades que surgiram de todos os lados. Após termos por certo tempo nos confundido, sem nos aproximarmos de nenhuma solução acerca das dúvidas que nos tinham deixado perplexos, surgiu em meus pensamentos que seguimos o caminho errado, e, antes de nós nos iniciarmos em pesquisas desta natureza, seria necessário examinar nossas próprias habilidades e averiguar quais objetos são e quais não são adequados para serem tratados por nossos entendimentos."
(John Locke. Ensaio acerca do Entendimento Humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999)

3. A qual corrente filosófica pertenceu John Locke?
A) Empirismo.
B) Metafísica.
C) Estoicismo.
D) Existencialismo.
E) Teoria crítica.

4. Acerca do texto e das concepções sobre a natureza do conhecimento, segundo Locke, é correto afirmar que
A) essa concepção sobre os limites do conhecimento alicerçou a metafísica moderna.
B) embora de acordo com concepções muito diferentes sobre a natureza do conhecimento, há certa similaridade entre Locke e Kant, somente no que diz respeito à intenção de "averiguar quais objetos são e quais não são adequados para serem tratados por nossos entendimentos".
C) os resultados da pesquisa empreendida por Locke o levaram a contestar as bases da corrente empirista da filosofia.
D) a perplexidade relatada por Locke em nada se relaciona com as pesquisas filosóficas futuramente empreendidas por David Hume.
E) as conclusões relatadas por Locke serviram como fundamento para a formulação da concepção de verdades absolutas na filosofia.


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