O Empirismo e o
desenvolvimento das Ciências Naturais no Período Moderno
O
modelo de investigação instituído por diversos cientistas, em especial por
Galileu Galilei e por Isaac Newton, baseava-se, entre outros princípios, na
observação e na experimentação. Na obra de Newton, Óptica,na qual Newton trata do método científico, podemos ver as
características dessa metodologia de sua análise:
“[...] análise consiste em
fazer experimentos e observações, e em traçar conclusões gerais deles por
indução, não se admitindo nenhuma objeção às conclusões, senão aquelas que são
tomadas dos experimentos. [...] Pois as hipóteses não devem ser levadas em
conta em Filosofia experimental”.
NEWTON, Isaac, Óptica.
São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 297-298. (Coleção Pensadores)
O Empirismo e a Ciência
Os
Empiristas afirmam que a origem do conhecimento está na experiência sensível.
No entanto, há dois questionamentos frequentemente realizados pelos filósofos
da ciência:
A observação é fiel à
realidade?
- É
bastante conhecido, pelo senso comum, que a ciência se inicia com a observação
da realidade e que por meio da observação obtêm-se dados com base nos quais são
elaboradas as leis. E as leis, por sua vez, são integradas em teorias,
elaboradas para descrever ou explicar a realidade. Os expoentes da corrente
filosófica empirista são os filósofos ingleses: John Locke e David Hume. Locke
entendia que por meio da percepção o
cientista ou qualquer ser humano tem acesso direto a algumas propriedades dos
objetos externos à mente , - propriedades chamadas de qualidades primarias.
Do particular das percepções
ao universal da ciência: o problema da indução.
As
observações deveriam ter objetividade, mas são feitas pela percepção do
observador e dependem da experiência sensível de cada um. Por isso, uma questão
importante para a Filosofia da ciência é o quanto é válido conciliar as observações
particulares, para chegar às afirmações universais, ou seja, a generalização
das leis científicas. Nada garante que a generalização realizada com base em
afirmações particulares seja necessária, isto é, que não possa ser diferente.
Indutivismo
Indutivismo:
Ciência como conhecimento dos dados da experiência. (século XVII)
1) Para o senso comum
uma concepção muito aceita é a de que “conhecimento científico é conhecimento
provado a experiência tornou-se a fonte do conhecimento.
2) Indutivismo ingênuo: A ciência começa com a observação; a
observação faz algumas afirmações a respeito do estado do mundo, ou de alguma
parte dele, podem ser justificadas ou estabelecidas como verdadeiras de maneira
direta pelo uso dos sentidos do observador não preconceituoso.
Afirmações singulares referem-se a uma ocorrência específica
ou a um estado de coisas num lugar e num tempo específico. É claro que todas as
proposições de observação serão afirmações singulares. O raciocínio indutivo
faz o movimento das afirmações singulares para que alcancem as proposições
universais.
3) Princípio da
indução: “Se um grande número de “As” foi observado sob ampla variedade de
condições, e se todos esses “As” observados possuíam sem exceção a propriedade
“B”, então todos os “As” têm a propriedade “B”.
4) Qual o processo
para a elaboração de previsões e explicações: levar a indução à dedução.
* Atos particulares
* Proposição de observação
* Conclusão universal
* Processo dedutivo
Exercícios: Leiam com
atenção e respondam às questões.
1)
Conforme o “indutivismo”, a ciência é um conjunto de leis gerais extraídas da
experiência e observação. Qual proposição a seguir é, segundo o indutivismo, um
exemplo de lei científica?
A
- Uma maçã caiu na cabeça de Newton numa tarde de verão.
B
- Ontem, Marte foi visto no céu alinhado com a lua.
C
- Uma barra de metal aquecida se expandiu.
D
- Sempre acordo com fome.
E
- As baleias são mamíferos.
2)
(UNICAMP SP/2015) “A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento
constitui suficiente prova de que não é inato”.
(John Locke, Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova
Cultural, 1988, p.13.)
O empirismo, corrente filosófica da qual
Locke fazia parte,
a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua
aquisição deriva da experiência.
b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhecimentos
possam ser obtidos.
c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar a
existência de ideias inatas.
d) defende que as ideias estão presentes na razão desde o
nascimento.
Utilize o texto para responder às
questões de números 3 e 4.
"Se fosse adequado
incomodá-lo com a história deste Ensaio, deveria dizer-lhe que cinco ou seis
amigos reunidos em meu quarto, e discorrendo acerca de assunto bem remoto do
presente, ficaram perplexos, devido às dificuldades que surgiram de todos os
lados. Após termos por certo tempo nos confundido, sem nos aproximarmos de
nenhuma solução acerca das dúvidas que nos tinham deixado perplexos, surgiu em
meus pensamentos que seguimos o caminho errado, e, antes de nós nos iniciarmos em
pesquisas desta natureza, seria necessário examinar nossas próprias habilidades
e averiguar quais objetos são e quais não são adequados para serem tratados por
nossos entendimentos."
(John Locke. Ensaio acerca do
Entendimento Humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999)
3. A qual corrente filosófica
pertenceu John Locke?
A) Empirismo.
B) Metafísica.
C) Estoicismo.
D) Existencialismo.
E) Teoria crítica.
4. Acerca do texto e das
concepções sobre a natureza do conhecimento, segundo Locke, é correto afirmar
que
A) essa concepção sobre os
limites do conhecimento alicerçou a metafísica moderna.
B) embora de acordo com
concepções muito diferentes sobre a natureza do conhecimento, há certa
similaridade entre Locke e Kant, somente no que diz respeito à intenção de
"averiguar quais objetos são e quais não são adequados para serem tratados
por nossos entendimentos".
C) os resultados da pesquisa
empreendida por Locke o levaram a contestar as bases da corrente empirista da
filosofia.
D) a perplexidade relatada por
Locke em nada se relaciona com as pesquisas filosóficas futuramente
empreendidas por David Hume.
E) as conclusões relatadas por
Locke serviram como fundamento para a formulação da concepção de verdades
absolutas na filosofia.
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