2ª aula das Terceiras Séries
As Formas de Governo
consistem na política adotada na organização das nações. Trata-se de um tema
complexo que se altera ao longo dos anos à medida que os Estados passam a
expandir regimes e sistemas de acordo com as tendências sociais.
O primeiro estudioso a
refletir acerca da complexidade do governo foi Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.)
- filósofo grego.
Aristóteles descreve o
governo com critérios de justiça e objetivos que visam o bem comum. Assim,
classifica as formas de governo mediante o número e o poder dado ao(s)
governante(s):
Monarquia - Rei tem poder supremo
Aristocracia - Alguns nobres detém o poder
República ou Politeia - Povo detém o controle político
Por sua vez, eram ilegítimas
- porque visavam interesse próprio - as seguintes formas que deturpavam a
concepção de governo do filósofo - as chamadas formas legítimas citadas acima -
corrompendo, assim, a sua essência política:
Tirania - Poder supremo obtido de forma corrupta
Oligarquia - Poder detido por um grupo que o exerce de
forma injusta
Demagogia - Poder exercido por facções populares
Em sua obra
“Política”, Aristóteles distingue regimes políticos e formas ou modos de
governo. O primeiro termo refere-se ao critério que separa quem governa e o
número de governantes. Temos, pois, três regimes políticos: a monarquia (poder
de um só), a oligarquia (poder de alguns poucos) e a democracia (poder de
todos). O segundo (as formas de governo) refere-se a em vista de quê eles
governam, ou seja, com qual finalidade. Para o filósofo, os governos devem
governar em vista do que é justo, de interesse geral, o bem comum. Sendo assim,
são classificadas seis formas de governo: aquele que é um só para todos
(realeza), de alguns para todos (aristocracia) e de todos para todos (regime
constitucional). Os outros três modos (tirania, oligarquia e democracia) são
deturpações, degenerações dos anteriores, ou seja, não governam em vista do bem
comum.
Aristóteles acredita
que a coexistência política é o maior bem. A princípio, Aristóteles acredita
que o poder deve ser de todos os cidadãos. Mas essa democracia tem algumas
restrições.
Na
democracia do tipo aristotélica, o povo é soberano. Todavia, existe uma
restrição no conceito de liberdade, pois viver como bem entender contraria esse
conceito para Aristóteles. As leis são a liberdade, a salvação, pois a partir
do momento em que o povo faz o que quer, como se nada fosse impossível, a
democracia se torna uma tirania. Viver como bem entender torna a democracia um
individualismo, contrário ao que é o bem comum.
A democracia
segundo Aristóteles deve então ser totalmente soberana, mas com duas
limitações: não deve ir além dos órgãos de deliberação e julgamento, pois estes
são poderes coletivos expressos em uma constituição (o conjunto do povo é
superior a cada um dos indivíduos) e não exigem competência técnica; a segunda
limitação é o dever de agir de acordo com as leis.
O filósofo põe em questão dois
pontos:
O homem excepcional (o rei);
A regra geral (as leis).
O rei está
sujeito às paixões, mas pode se adaptar aos casos particulares; já as leis são
fixas, racionais, mas não se adaptam a todas as situações em particular.
Assim,
Aristóteles mantém a ideia de que o povo delibera e julga melhor que o
indivíduo, mas com o pré-requisito de que exista um número suficiente de homens
de bem para qualificar as decisões, caso contrário, a realeza se mostra
necessária.
Exercícios:
Exercício 1: (Enem 2013)
“A felicidade é, portanto, a
melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não
devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais
nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que
amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades,
e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.”
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo:
Cia. das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos,
Aristóteles a identifica como:
A) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
B) plenitude espiritual e ascese pessoal.
C) finalidade das ações e condutas humanas.
D) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
E) expressão do sucesso individual e reconhecimento
público.
Exercício 2: (Enem 2009)
Segundo Aristóteles, “na cidade
com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente
justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios
— esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais
—, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é
indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das
atividades políticas”.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana
na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado
da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania:
A) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada,
pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à
ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.
B) era entendida como uma dignidade própria dos grupos
sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada
da sociedade.
C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção
política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da
vida cívica
D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela
qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas
aos tribunais.
E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles
que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da
cidade.
Exercício 3: (Enem 2017)
Se, pois, para as coisas que
fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no
interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem.
Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se
assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que
seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém
duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais
verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa
natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas
num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e
vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a
economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as
demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não
devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo
que essa finalidade será o bem humano.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. ln:
Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991 {adaptado).
Para Aristóteles,
a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que:
A) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir
seus interesses.
B) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os
portadores da verdade.
C) a política é a ciência que precede todas as demais na
organização da cidade.
D) a educação visa formar a consciência de cada pessoa
para agir corretamente.
E) a democracia protege as atividades políticas necessárias
para o bem comum.
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