sexta-feira, 26 de junho de 2020

“Tornar-se indivíduo” segundo Paul Ricoeur


Segundas Séries




Paul Ricoeur (1913-2005) foi um filósofo francês do período que seguiu a II Guerra Mundial. Além de filósofo, foi pesquisador na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
Para ele, o indivíduo possui duas dimensões:
(1) como membro de uma sociedade
(2) ser independente e autônomo, a que ele denomina no “sentido moral”.
Enfim, para ele o ser humano é um indivíduo autônomo e independente.
Paul Ricoeur questiona o processo de individualização. Como nos individualizamos? Nos individualizamos através da Linguagem.
A Linguagem é o ponto de partida; por meio dela nos expressamos e dizemos o mundo, ou seja, é a uma forma de colocar para fora aquilo que pensamos.
Através da linguagem o ser humano é capaz de dizer o indivíduo de três formas:

I. DESCRIÇÕES DEFINIDAS: existe um entrecruzamento de categorias para designar um indivíduo “O executivo que sempre compra o jornal de esportes”
EXECUTIVO: de todos os executivos nos referimos ao que sempre compra o jornal de esportes.
JORNAL DE ESPORTES: de todas as pessoas do mundo nos referimos ao indivíduo que sempre compra o jornal.

II. NOMES PRÓPRIOS: definição específica e permanente (singularidade do indivíduo) “Luis eu me refiro ao Luis, resta me especificar suas propriedades: O Luis da casa azul da esquina.”

III. INDICADORES: que podem ser pronomes pessoais (eu e tu); pronome demonstrativo (isto e aquilo); advérbio de lugar (aqui e além); advérbio de tempo (amanhã e agora); além de outras categorias gramaticais.
Os indicadores são diferentes dos nomes porque podem designar seres diferentes.

Ipseidade
Aquilo que é determinante para diferenciar um ser de outro(s); o atributo próprio, característico e único de um ser, que o difere dos demais.
A Ipseidade é a fala que usamos para dizer o que pertence ao indivíduo à sua singularidade. Aquilo que entre os vários de uma espécie, diferencia um só.
Somos seres que nos caracterizamos por intuir o mundo pela linguagem. Ela nos proporciona o que somos: seres que fazem uso desta linguagem para se expressar, ouvir e interpretar.
Dizer quem somos: quem é este (eu), para falar deste (eu) temos que narrar e ao narrar somos obrigados a dizer a ação desse sujeito.
Tudo isso se dá pelas nossas ações, as ações no difere e nos coloca como seres únicos dentre muitos.

Exercícios:
1- A ética propõe reflexão acerca dos valores que servem de sustentáculo às ações humanas, os quais são aceitos como bons ou maus, corretos ou incorretos, justos ou injustos, com base naquilo que é estabelecido pelas civilizações humanas que vivem e convivem em um determinado tempo e em um determinado local, mantendo intensa interação cultural, política e econômica com outras tantas comunidades humanas nacionais e transnacionais.
Tendo como referência o conteúdo impresso no texto base, é plausível conceber a ética como:

a.       Um tratado filosófico que visa a estabelecer receituário meramente prático às ações humanas de caráter moral. Nesse sentido, como o ser humano dever agir se constitui em uma tomada de decisão estritamente individual.

b.      Um processo de reflexão dos princípios que servem de substrato às ações humanas morais que são próprias para cada contexto social e de cada espaço de convivência humana, possuindo uma dimensão comunitária, intercomunitária e/ou planetária.

c.       Uma descrição das normas de boa convivência humana, que independem dos fatores tempo e espaço no que se refere à comunidade humana a quem se lhes aplicam normas morais.

d.      Uma reflexão dos princípios morais que sustentam a vida das civilizações pertencentes ao mundo ocidental. Assim, tendo em vista o modo de vida dos povos indígenas, por exemplo, não nos é permitido realizar nenhum tipo de reflexão ética ou moral relativamente aos seus costumes, suas tradições e suas regras de comportamento social.

e.       Uma reflexão acerca das ações humanas livres, que são determinadas com base em padrões morais absolutos e universais. Nesse sentido, as ações humanas se revestem de uma moralidade anti-histórica e antissocial.

2- Vida moral e exercício da cidadania estão profundamente imbricados e são também uma exigência para o bem viver na contemporaneidade. Com base nessa informação, é correto afirmar:

a.       O exercício da cidadania não implica uma vida moral.

b.      O aprendizado da convivência não implica nada de moralidade.

c.       A vivência da moralidade não tem nenhuma relação com a cidadania.

d.      A vivência da moralidade não se relaciona com nada que implique a vida no coletivo.

e.       A vivência da moralidade é condição de construção do bem estar coletivo e colabora para que os interesses individuais não se sobreponham aos interesses da maioria.

3- A função fundamental da ética consiste em capacitar o ser humano a:
a.       desconsiderar a opinião alheia e seguir só os seus instintos.

b.      vigiar e punir a conduta humana, respeitando certos limites.

c.       escolher a opinião alheia que deve pautar o comportamento de todos.

d.      investigar a conduta moral do homem na sociedade e refletir sobre ela.

e.       agir em função dos interesses próprios, na busca da realização dos seus desejos.

4- “O sujeito ético procede a um descentramento, tornando-se capaz de superar o narcisismo infantil, e move-se na direção do outro, reconhecendo sua igual humanidade.”
(ARANHA; MARTINS, 2009, p. 23).
Com base nessa afirmativa, que expressa uma atitude de um sujeito ético, é correto afirmar:

a.       Respeitar aos outros é condição de não moralidade.

b.      Promover discriminação e preconceito é tarefa de um sujeito ético.

c.       A submissão e o temor são marcas de uma educação para a autonomia.

d.      Incentivar a violência em qualquer nível é uma marca de um sujeito ético.

e.       Considerar o outro como também um sujeito de direitos é fundamental para a convivência democrática e cidadã.

5- O texto publicado na Revista Veja pelo leitor Marcelo Saramago da cidade do Rio de Janeiro, demonstrando a sua indignação com a atual conjuntura política dos transportes, no Brasil, comenta que:
 “O que são 20 centavos em comparação ao mensalão? O que são 20 centavos perto de todas as obras superfaturadas, inacabadas ou mal-acabadas? O que são 20 centavos quando há vários políticos condenados (que nós ainda não conseguimos entender por que não estão atrás das grades), querendo calar o Ministério Público e arregimentar a Justiça? Vinte centavos foram o pingo que faltava para transbordar a nossa paciência, para tirar todos que bancam essa farra da inércia.”
Fonte: REVISTA VEJA. São Paulo: Abril, ano 46, nº 26, 24 jun. 2013.
Pode-se observar na carta do leitor um questionamento para uma melhor compreensão da realidade política brasileira. Essa é uma característica da filosofia, denominada
a -  metafísica.

b-      paradigma.

c-      indução.

d-     reflexão.

e-      paixão.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Continuando a Política de Aristóteles - As formas de Governo


2ª aula das Terceiras Séries



As Formas de Governo consistem na política adotada na organização das nações. Trata-se de um tema complexo que se altera ao longo dos anos à medida que os Estados passam a expandir regimes e sistemas de acordo com as tendências sociais.
O primeiro estudioso a refletir acerca da complexidade do governo foi Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) - filósofo grego.
Aristóteles descreve o governo com critérios de justiça e objetivos que visam o bem comum. Assim, classifica as formas de governo mediante o número e o poder dado ao(s) governante(s):

Monarquia - Rei tem poder supremo
Aristocracia - Alguns nobres detém o poder
República ou Politeia - Povo detém o controle político

Por sua vez, eram ilegítimas - porque visavam interesse próprio - as seguintes formas que deturpavam a concepção de governo do filósofo - as chamadas formas legítimas citadas acima - corrompendo, assim, a sua essência política:

Tirania - Poder supremo obtido de forma corrupta
Oligarquia - Poder detido por um grupo que o exerce de forma injusta
Demagogia - Poder exercido por facções populares

Em sua obra “Política”, Aristóteles distingue regimes políticos e formas ou modos de governo. O primeiro termo refere-se ao critério que separa quem governa e o número de governantes. Temos, pois, três regimes políticos: a monarquia (poder de um só), a oligarquia (poder de alguns poucos) e a democracia (poder de todos). O segundo (as formas de governo) refere-se a em vista de quê eles governam, ou seja, com qual finalidade. Para o filósofo, os governos devem governar em vista do que é justo, de interesse geral, o bem comum. Sendo assim, são classificadas seis formas de governo: aquele que é um só para todos (realeza), de alguns para todos (aristocracia) e de todos para todos (regime constitucional). Os outros três modos (tirania, oligarquia e democracia) são deturpações, degenerações dos anteriores, ou seja, não governam em vista do bem comum.
Aristóteles acredita que a coexistência política é o maior bem. A princípio, Aristóteles acredita que o poder deve ser de todos os cidadãos. Mas essa democracia tem algumas restrições.
Na democracia do tipo aristotélica, o povo é soberano. Todavia, existe uma restrição no conceito de liberdade, pois viver como bem entender contraria esse conceito para Aristóteles. As leis são a liberdade, a salvação, pois a partir do momento em que o povo faz o que quer, como se nada fosse impossível, a democracia se torna uma tirania. Viver como bem entender torna a democracia um individualismo, contrário ao que é o bem comum.
A democracia segundo Aristóteles deve então ser totalmente soberana, mas com duas limitações: não deve ir além dos órgãos de deliberação e julgamento, pois estes são poderes coletivos expressos em uma constituição (o conjunto do povo é superior a cada um dos indivíduos) e não exigem competência técnica; a segunda limitação é o dever de agir de acordo com as leis.

O filósofo põe em questão dois pontos:
O homem excepcional (o rei);
A regra geral (as leis).
O rei está sujeito às paixões, mas pode se adaptar aos casos particulares; já as leis são fixas, racionais, mas não se adaptam a todas as situações em particular.
Assim, Aristóteles mantém a ideia de que o povo delibera e julga melhor que o indivíduo, mas com o pré-requisito de que exista um número suficiente de homens de bem para qualificar as decisões, caso contrário, a realeza se mostra necessária.

Exercícios:

Exercício 1: (Enem 2013)
“A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.”

ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.

Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como:

A) busca por bens materiais e títulos de nobreza.

B) plenitude espiritual e ascese pessoal.

C) finalidade das ações e condutas humanas.

D) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.

E) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.

Exercício 2: (Enem 2009)
Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.

O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania:

A) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.

B) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.

C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica

D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.

E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade.

Exercício 3: (Enem 2017)
Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. ln: Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991 {adaptado).

Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que:

A) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses.

B) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.

C) a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.

D) a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente.

E) a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.


quinta-feira, 18 de junho de 2020

2ª aula de Filosofia - Filosofia da Ciência

Primeiras Séries



O Empirismo e o desenvolvimento das Ciências Naturais no Período Moderno
O modelo de investigação instituído por diversos cientistas, em especial por Galileu Galilei e por Isaac Newton, baseava-se, entre outros princípios, na observação e na experimentação. Na obra de Newton, Óptica,na qual Newton trata do método científico, podemos ver as características dessa metodologia de sua análise:
“[...] análise consiste em fazer experimentos e observações, e em traçar conclusões gerais deles por indução, não se admitindo nenhuma objeção às conclusões, senão aquelas que são tomadas dos experimentos. [...] Pois as hipóteses não devem ser levadas em conta em Filosofia experimental”.
NEWTON, Isaac, Óptica. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 297-298. (Coleção Pensadores)
O Empirismo e a Ciência
Os Empiristas afirmam que a origem do conhecimento está na experiência sensível. No entanto, há dois questionamentos frequentemente realizados pelos filósofos da ciência:
A observação é fiel à realidade?
- É bastante conhecido, pelo senso comum, que a ciência se inicia com a observação da realidade e que por meio da observação obtêm-se dados com base nos quais são elaboradas as leis. E as leis, por sua vez, são integradas em teorias, elaboradas para descrever ou explicar a realidade. Os expoentes da corrente filosófica empirista são os filósofos ingleses: John Locke e David Hume. Locke entendia que por meio da percepção  o cientista ou qualquer ser humano tem acesso direto a algumas propriedades dos objetos externos à mente , - propriedades chamadas de qualidades primarias.
Do particular das percepções ao universal da ciência: o problema da indução.
As observações deveriam ter objetividade, mas são feitas pela percepção do observador e dependem da experiência sensível de cada um. Por isso, uma questão importante para a Filosofia da ciência é o quanto é válido conciliar as observações particulares, para chegar às afirmações universais, ou seja, a generalização das leis científicas. Nada garante que a generalização realizada com base em afirmações particulares seja necessária, isto é, que não possa ser diferente.

Indutivismo
Indutivismo: Ciência como conhecimento dos dados da experiência. (século XVII)
1)  Para o senso comum uma concepção muito aceita é a de que “conhecimento científico é conhecimento provado a experiência tornou-se a fonte do conhecimento.
2) Indutivismo ingênuo: A ciência começa com a observação; a observação faz algumas afirmações a respeito do estado do mundo, ou de alguma parte dele, podem ser justificadas ou estabelecidas como verdadeiras de maneira direta pelo uso dos sentidos do observador não preconceituoso.
Afirmações singulares referem-se a uma ocorrência específica ou a um estado de coisas num lugar e num tempo específico. É claro que todas as proposições de observação serão afirmações singulares. O raciocínio indutivo faz o movimento das afirmações singulares para que alcancem as proposições universais.
3)    Princípio da indução: “Se um grande número de “As” foi observado sob ampla variedade de condições, e se todos esses “As” observados possuíam sem exceção a propriedade “B”, então todos os “As” têm a propriedade “B”.
4)    Qual o processo para a elaboração de previsões e explicações: levar a indução à dedução.
* Atos particulares
* Proposição de observação
* Conclusão universal
* Processo dedutivo

Exercícios: Leiam com atenção e respondam às questões.

1) Conforme o “indutivismo”, a ciência é um conjunto de leis gerais extraídas da experiência e observação. Qual proposição a seguir é, segundo o indutivismo, um exemplo de lei científica?
A - Uma maçã caiu na cabeça de Newton numa tarde de verão.
B - Ontem, Marte foi visto no céu alinhado com a lua.
C - Uma barra de metal aquecida se expandiu.
D - Sempre acordo com fome.
E - As baleias são mamíferos.
2) (UNICAMP SP/2015) “A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constitui suficiente prova de que não é inato”.
(John Locke, Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p.13.)
O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia parte,
a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua aquisição deriva da experiência.

b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhecimentos possam ser obtidos.

c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar a existência de ideias inatas.

d) defende que as ideias estão presentes na razão desde o nascimento.

Utilize o texto para responder às questões de números 3 e 4.
"Se fosse adequado incomodá-lo com a história deste Ensaio, deveria dizer-lhe que cinco ou seis amigos reunidos em meu quarto, e discorrendo acerca de assunto bem remoto do presente, ficaram perplexos, devido às dificuldades que surgiram de todos os lados. Após termos por certo tempo nos confundido, sem nos aproximarmos de nenhuma solução acerca das dúvidas que nos tinham deixado perplexos, surgiu em meus pensamentos que seguimos o caminho errado, e, antes de nós nos iniciarmos em pesquisas desta natureza, seria necessário examinar nossas próprias habilidades e averiguar quais objetos são e quais não são adequados para serem tratados por nossos entendimentos."
(John Locke. Ensaio acerca do Entendimento Humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999)

3. A qual corrente filosófica pertenceu John Locke?
A) Empirismo.
B) Metafísica.
C) Estoicismo.
D) Existencialismo.
E) Teoria crítica.

4. Acerca do texto e das concepções sobre a natureza do conhecimento, segundo Locke, é correto afirmar que
A) essa concepção sobre os limites do conhecimento alicerçou a metafísica moderna.
B) embora de acordo com concepções muito diferentes sobre a natureza do conhecimento, há certa similaridade entre Locke e Kant, somente no que diz respeito à intenção de "averiguar quais objetos são e quais não são adequados para serem tratados por nossos entendimentos".
C) os resultados da pesquisa empreendida por Locke o levaram a contestar as bases da corrente empirista da filosofia.
D) a perplexidade relatada por Locke em nada se relaciona com as pesquisas filosóficas futuramente empreendidas por David Hume.
E) as conclusões relatadas por Locke serviram como fundamento para a formulação da concepção de verdades absolutas na filosofia.


quarta-feira, 10 de junho de 2020

Uma Introdução à Política de Aristóteles



Aristóteles (384-322 a.C), assim como seu mestre Platão viveu na Grécia Antiga. Aristóteles desenvolveu uma teoria política, não se atendo tanto a forma de ideal que a Polis deveria ter, mas sim em que consiste “fazer política”, e também discutiu quem seriam os verdadeiros políticos de seu tempo.
Mas, afinal o que é a política? Quem são os verdadeiros políticos para Aristóteles? Vamos entender um pouco? – É muito comum associarmos a política ao poder, porém, nem sempre foi assim…
 Assim como Sócrates e Platão, Aristóteles também não concordava com a democracia ateniense. Aristóteles apontava a existência de três formas de governos boas, são elas: Monarquia, Aristocracia e Politéia. Do mesmo modo apontava três formas negativas de governo, são elas: Tirania; Oligarquia e Democracia.
Para este pensador: “o homem é um animal político” (Zoon polítikon). Somos políticos porque vivemos em grupo e necessitamos de organização. Esta ideia esta muito colocada no conceito de cidade cunhado por Aristóteles que pregava ser mais importante conhecer quem são os cidadãos que compõe uma cidade do que saber da própria cidade. A reflexão é simples: diga quem são os moradores da cidade e saberemos o que é a cidade. Devemos pontuar que Aristóteles não fazia diferenciação entre a cidade e o campo, incluído politicamente ambas as áreas como importantes na composição da política de uma Cidade-Estado.
Aristóteles aponta também a importância de nos fazermos cidadão. É cidadão aquele que participa da política local. Somente a participação na política poderia conduzir o homem à boa educação. Assim a política para Aristóteles era considerada a ciência mais importante entre todas as ciências, chamada de: Ciência Política.

As atividades – Exercícios

1) O que seria uma cidade para Aristóteles? O filósofo afirma ser difícil de responder, porém esclarece que antes de tudo devemos entender o que é um cidadão. Sobre a cidade e o cidadão é correto afirmar.

A) A cidade não representa uma oposição ao campo e nem é demarcada apenas por muros.

B) Para Aristóteles cidadão é aquele indivíduo que se deixa ser representado por um político representante da retórica sofista.

C) Cidadão é aquele indivíduo que participa das ações deliberativas que dizem respeito à vida social.

D) Para Aristóteles escravos, jovens, mulheres e estrangeiros são considerados cidadãos.

E) A política é a mais alta de todas as ciências, que tem por finalidade a justiça.

Estão corretas:

a) Apenas 1; 3; 5.

b) Apenas 2 e 4.

c) Apenas 4 e 5.

d) Apenas 1 e 2.

e) Apenas 2; 4; 5.

2) “Uma vez que constituição significa o mesmo que governo, e o governo é o poder supremo em uma cidade, e o mando pode estar nas mãos de uma única pessoa, ou de poucas pessoas, ou da maioria, nos casos em que esta única pessoa, ou as poucas pessoas, ou a maioria, governam tendo em vista o bem comum, estas constituições devem ser forçosamente as corretas; ao contrário, constituem desvios os casos em que o governo é exercido com vistas ao próprio interesse da única pessoa, ou das poucas pessoas, ou da maioria, pois ou se deve dizer que os cidadãos não participam do governo da cidade, ou é necessário que eles realmente participem.”

(ARISTÓTELES. Política. Trad. de Mário da Gama Kury. 3.ed. Brasília: Editora UNB, 1997. p. 91.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre as formas de governo em Aristóteles, analise as afirmativas a seguir.

I. A democracia é uma forma de governo reta, ou seja, um governo que prioriza o exercício do poder em benefício do interesse comum.

II. A democracia faz parte das formas degeneradas de governo, entre as quais destacam-se a tirania e a oligarquia.

III. A democracia é uma forma de governo que desconsidera o bem de todos; antes, porém, visa a favorecer indevidamente os interesses dos mais pobres, reduzindo-se, desse modo, a uma acepção demagógica.

IV. A democracia é a forma de governo mais conveniente para as cidades gregas, justamente porque realiza o bem do Estado, que é o bem comum.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e III.

b) I e IV.

c) II e III.

d) I, II e III.

e) II, III e IV.

3) leia o texto a seguir.

“É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem […].” (ARISTÓTELES. A política. Trad. de Nestor Silveira Chaves. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 13.)

Com base no texto de Aristóteles , é correto afirmar:

a) O texto de Aristóteles confirma a ideia de que a condição humana de ser político é artificial e um obstáculo à liberdade individual.

b) A interpretação correta do texto de Aristóteles segundo a qual a política é uma atividade nociva à coletividade devendo seus representantes serem afastados do convívio social.

c) O ponto de vista aristotélico de que a dimensão política do homem independe da convivência com seus semelhantes, uma vez que o homem basta se a si próprio.

d) O homem é um animal político por natureza, sugere uma crítica a um tipo de político que ignora a coletividade privilegiando interesses particulares e que, por isso, deve ser evitado.

e) O texto de Aristóteles apresenta a ideia de que a vida em sociedade degenera o homem, tornando-o um animal.

Sociologia - Entenda as diferenças entre migração, imigração e emigração

https://soundcloud.com/maria-aparecida-souza-oliveira/1-aula-da-2s-series-a-e-b-de-sociologia

No mundo cada vez mais globalizado em que vivemos, o fluxo de pessoas cresce enquanto sobe o número de cidadãos que se mudam de um país para o outro. Nesse contexto, aumentam também as dúvidas sobre as diferenças entre migração, imigração e emigração. Afinal, qual é a definição de cada um desses conceitos? E qual será o seu caso se você sair do Brasil para ir viver em outro país?
Começarei com uma explicação breve sobre essas três palavras tão similares, mas tão diferentes. Em seguida, darei exemplos e listarei mais detalhadamente as particularidades de cada uma. Continue a leitura e fique de olho!

O que significa migração, imigração e emigração?
Tanto a emigração quanto a imigração são fenômenos espontâneos, ou seja, que acontecem por vontade própria de cada pessoa.
Emigrar significa deixar o país em que você nasceu para morar em outro. Já a imigração é o outro lado da moeda — um imigrante é uma pessoa que estabeleceu-se em um país estrangeiro. Se você sai do Brasil para morar nos Estados Unidos, por exemplo, é considerado um emigrante pelos brasileiros e um imigrante pelos norte-americanos.
Enquanto isso, o conceito de migração está diretamente relacionado ao fluxo de pessoas. Migrar significa simplesmente deslocar-se de um local para o outro, seja para saída, seja para entrada.
E não só entre países! A migração também pode acontecer de um estado para o outro, de uma cidade para a outra ou de uma região para a outra. Dessa forma, podemos entender que a imigração e a emigração fazem parte do conceito de migração.
Quais são alguns exemplos desses deslocamentos?
Para não deixar nenhuma dúvida, nada melhor do que eu mostrar alguns exemplos claros para ilustrar os conceitos de migração, imigração e emigração!

Migração
Migrar do Brasil para os Estados Unidos significa sair do primeiro país e ir para o segundo. Nesse caso, não interessa se você nasceu em um deles, pois a migração apenas indica que você saiu de um lugar para o outro.
Mudar-se do Paraná para o Rio de Janeiro também é uma migração, assim como mudar-se da capital de São Paulo para Campinas.
As pessoas migram por diversos motivos. Alguns deles são particulares, como a busca por melhores oportunidades de emprego. Mas também há situações mais amplas que estabelecem movimentos migratórios, como o desejo de fugir de uma região de conflito/guerra ou deixar o local depois de situações de alagamento. Esses casos podem atingir uma alta parcela da população.

Emigração
Vou continuar com o exemplo da pessoa, brasileira, que se muda do Brasil para os Estados Unidos. Do ponto de vista do Brasil, esse indivíduo é um emigrante, pois saiu de seu país de origem para morar em outro lugar. Ou seja, seus amigos e parentes que continuarem por aqui vão caracterizar você como um emigrante.
Ao contrário da migração, que não precisa ser entre países, a emigração necessariamente acontece do país de origem para outro país, sem abarcar também mudanças de cidade, estado, região etc.

Imigração
A imigração é quase a mesma coisa, só que do ponto de vista das pessoas que residem/nasceram no país no qual você foi morar — ou seja, os norte-americanos, se continuarmos com o exemplo que dei anteriormente. Pessoas estrangeiras vivendo nos Estados Unidos, ou em qualquer outro país, são chamadas de imigrantes.
Para resumir: no caso de um brasileiro que se muda para os Estados Unidos, ele é um emigrante para os brasileiros e um imigrante para os norte-americanos.
É importante entender as diferenças entre migração, imigração e emigração para que você compreenda melhor a sua condição em uma nova vivência em país estrangeiro e, até mesmo, para se comunicar melhor com seus novos “vizinhos”. Além disso, os conceitos são interessantes na hora de buscar pessoas com experiências similares à sua.

Atividades de exercícios avaliativos:

1) “O Ministério da Justiça brasileira, entre 2009 e o primeiro semestre de 2011, regularizou a permanência no Brasil de 18.004 bolivianos. De acordo com as estatísticas, os bolivianos são a comunidade estrangeira que mais cresce em São Paulo, e a principal motivação para esse deslocamento é a busca por emprego”.

Disponível em Bolivianos no Brasil. Acesso: 08 jul 2013.

Nesse contexto, o deslocamento feito pelos bolivianos

a) coloca-os na condição de imigrantes em território brasileiro.
b) corresponde a um processo de migração pendular.
c) classifica-os como emigrantes no espaço brasileiro.
d) configura um processo de migração sazonal.
e) são migrantes esporádicos

2) “A migração entre regiões do país perdeu intensidade na última década, e estados do Nordeste, além de reter população, começaram a receber de volta os que deixaram seus estados rumo ao centro-sul do país. É o que diz um levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (15) com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009 e dos Censos realizados em 2000 e 2010. […]”

G1, 15 jul. 2011. Adaptado.

De acordo com o trecho da reportagem acima, podemos concluir que:


a) As migrações internas massificaram-se no Brasil.
b) Houve uma redução das migrações intrarregionais.
c) As migrações inter-regionais inverteram seu fluxo original.
d) Os deslocamentos intrarregionais foram substituídos pelos inter-regionais.
e) Acontece, atualmente, uma inversão do êxodo rural brasileiro.

3) Evitar o êxodo rural é o principal desafio da política interna chinesa

A luta de clãs perante o 18º Congresso do Partido Comunista da China não mudará, provavelmente, um dos principais eixos da política interna chinesa: impedir o êxodo rural, ainda mais agora que as pessoas que vivem nos centros urbanos superaram pela primeira vez a população do campo no país. [...]

Portal Terra, 30 set. 2012. Adaptado.

O conceito migratório em destaque na manchete da reportagem acima significa:

a) a migração, em massa, de trabalhadores do campo para as cidades em um mesmo território.
b) a saída de pessoas de países predominantemente rurais para sociedades urbanizadas.
c) o deslocamento diário e contínuo da população do campo para trabalhar nas grandes cidades.
d) a perda da população rural em razão do deslocamento desta para outros países.
e) o exílio voluntário praticado por moradores das cidades em direção a zonas rurais afastadas.

4) Migrações pendulares são:

a) movimentos da população rural em direção aos grandes centros urbanos.
b) deslocamento maciço de populações urbanas em direção ao campo.
c) movimentos ligados a atividades pastoris.
d) movimentos diários de trabalhadores entre o local de residência e o local de trabalho.
e) troca de imigrantes entre as grandes regiões.

5) O Sudeste brasileiro foi durante muitos anos a região brasileira que mais recebeu migrantes, no entanto, nas últimas décadas esse cenário mudou, atualmente a região Centro-Oeste é o principal destino para os fluxos migratórios. Essas regiões recebem migrantes de várias partes do Brasil. O complexo regional brasileiro que é a principal origem de emigrantes (que saem) é:

a) Sudeste
b) Centro-Oeste
c) Norte
d) Sul
e) Nordeste

6)
[…] Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar

E essas coisas que diz toda mulher

Diz que está me esperando pro jantar

E me beija com a boca de café


Todo dia eu só penso em poder parar

Meio dia eu só penso em dizer não

Depois penso na vida pra levar

E me calo com a boca de feijão



Seis da tarde como era de se esperar

Ela pega e me espera no portão

Diz que está muito louca pra beijar

E me beija com a boca de paixão. […]

BUARQUE, Chico. Cotidiano. Construção, Philips, 1993.

Na letra da canção de Chico Buarque, observa-se uma certa rotina do eu lírico quanto às suas atividades diárias, o que inclui ir e voltar do seu trabalho. Esse tipo de deslocamento caracteriza-se como:

a) transumância
b) migração pendular
c) migração sazonal
d) mudança diária
e) migração externa


Ouçam a música neste link: https://www.youtube.com/watch?v=qcViKFPoPtE&list=RDqcViKFPoPtE&start_radio=1&t=0