1.
Inferência e argumento.
É usual afirmarmos que a
lógica estuda inferências e argumentos. Há, pois, a necessidade de
compreendermos o que são inferências e argumentos.
Inferir é concluir, é extrair informação nova a
partir de raciocínio, do encadeamento de informações disponíveis. A noção de
inferência pode ser trabalhada, por exemplo, a partir da resolução de enigmas
lógicos. (Ao procurar decifrá-los, faz-se uma série de encadeamentos e,
subsequentemente, de inferências.) Pode-se, igualmente, ilustrar o processo de
inferência a partir da conversa entre duas galinhas, como na tira de Fernando
Gonsales (veiculada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S.Paulo, em 05 de outubro
de 2007 e abaixo reproduzida):
As informações disponíveis que as galinhas detinham
diziam respeito ao sumiço de Lilian - uma outra galinha - e ao aparecimento de
um “cara” comendo uma coxinha de galinha. A partir destes pressupostos, as
galinhas da ilustração inferiram que a Lilian dera comida como suborno,
garantindo a sua liberdade. Já os leitores que apreciaram a tirinha, dados os
mesmos pressupostos, inferiram diferentemente, chegando à conclusão que a
coxinha devorada pelo “cara” é a da própria Lilian, pobre galinha...
A partir da noção de inferência, torna-se possível
conceituar premissa e conclusão. Dá-se o nome de conclusão à informação que é
extraída do processo de inferência. Já as informações que servem de fundamento
para as inferências (ou raciocínios) são denominadas premissas: são os
pressupostos disponíveis que justificam, embasam, oferecem sustento adequado
para a aceitação da conclusão.
E o que vem ser um argumento? Trata-se de um
conjunto encadeado de sentenças declarativas, das quais uma é a conclusão, as
demais, premissas, e espera-se que as premissas justifiquem a conclusão. Nesse
sentido, se a inferência é um processo mental, um argumento é a expressão da
inferência, enunciando as hipóteses tomadas como base (premissas) e encadeando
as mesmas com a informação nova dali extraída (conclusão).
Os exemplos de argumentos são inúmeros nos textos
filosóficos e não filosóficos. E muitos são os tipos possíveis de estrutura
argumentativa. Não cabe no escopo deste artigo discorrer sobre tal variedade.
Contentemo-nos com duas ilustrações: uma filosófica; outra extraída de um
artigo de jornal.
Texto
de Patrícia Del Nero Velasco, Sobre o
Lugar da Lógica na Sala de Aula, publicado: Revista Sul-Americana de
Filosofia da Educação – RESAFE. Número 13: novembro/2009 – abril/2010.
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