domingo, 13 de agosto de 2017

Conceitos lógicos elementares: algumas exemplificações.

1. Inferência e argumento.

É usual afirmarmos que a lógica estuda inferências e argumentos. Há, pois, a necessidade de compreendermos o que são inferências e argumentos.
Inferir é concluir, é extrair informação nova a partir de raciocínio, do encadeamento de informações disponíveis. A noção de inferência pode ser trabalhada, por exemplo, a partir da resolução de enigmas lógicos. (Ao procurar decifrá-los, faz-se uma série de encadeamentos e, subsequentemente, de inferências.) Pode-se, igualmente, ilustrar o processo de inferência a partir da conversa entre duas galinhas, como na tira de Fernando Gonsales (veiculada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S.Paulo, em 05 de outubro de 2007 e abaixo reproduzida):




As informações disponíveis que as galinhas detinham diziam respeito ao sumiço de Lilian - uma outra galinha - e ao aparecimento de um “cara” comendo uma coxinha de galinha. A partir destes pressupostos, as galinhas da ilustração inferiram que a Lilian dera comida como suborno, garantindo a sua liberdade. Já os leitores que apreciaram a tirinha, dados os mesmos pressupostos, inferiram diferentemente, chegando à conclusão que a coxinha devorada pelo “cara” é a da própria Lilian, pobre galinha...
A partir da noção de inferência, torna-se possível conceituar premissa e conclusão. Dá-se o nome de conclusão à informação que é extraída do processo de inferência. Já as informações que servem de fundamento para as inferências (ou raciocínios) são denominadas premissas: são os pressupostos disponíveis que justificam, embasam, oferecem sustento adequado para a aceitação da conclusão.
E o que vem ser um argumento? Trata-se de um conjunto encadeado de sentenças declarativas, das quais uma é a conclusão, as demais, premissas, e espera-se que as premissas justifiquem a conclusão. Nesse sentido, se a inferência é um processo mental, um argumento é a expressão da inferência, enunciando as hipóteses tomadas como base (premissas) e encadeando as mesmas com a informação nova dali extraída (conclusão).
Os exemplos de argumentos são inúmeros nos textos filosóficos e não filosóficos. E muitos são os tipos possíveis de estrutura argumentativa. Não cabe no escopo deste artigo discorrer sobre tal variedade. Contentemo-nos com duas ilustrações: uma filosófica; outra extraída de um artigo de jornal.

                 Texto de Patrícia Del Nero Velasco, Sobre o Lugar da Lógica na Sala de Aula, publicado: Revista Sul-Americana de Filosofia da Educação – RESAFE. Número 13: novembro/2009 – abril/2010.

sábado, 12 de agosto de 2017

Concepção de Metafísica - Terceiras séries



Quando nasce a metafísica a pergunta que se faz é: “O que é a realidade que o nosso pensamento conhece?” 
A filosofia inicia a investigação a partir do objeto do conhecimento, partindo da afirmação da existência da realidade e de que ela poderia ser conhecida verdadeiramente pela razão ou pelo pensamento.
Pressupõem-se a existência da realidade exterior ao pensamento, a filosofia nasceu como um realismo, e desse realismo nasceu a metafísica.


A metafísica é a investigação filosófica que gira em torno da pergunta “O que é?”. Este “é” possui dois sentidos:

1)      Significa ‘existe’, de modo que a pergunta se refere à realidade e pode ser transcrita como: “O que existe?”;
2)      Significa ‘natureza própria de alguma coisa’, de modo que a pergunta se refere à essência da realidade, podendo ser transcrita como: “Qual é a essência daquilo que existe?”.
Existência e essência da realidade em seus múltiplos aspectos são, assim, os temas principais da metafísica. Ela investiga os fundamentos, os princípios e as causas de todas as coisas e o ser íntimo de todas as coisas, indagando por que elas existem e por que são o que são.
A história da metafísica pode ser dividida em três grandes períodos, o primeiro deles separado dos outros dois pela filosofia de David Hume.

1.      Período que vai de Platão e Aristóteles ( século IV e III a. C.) até Hume ( século XVIII d. C.) ;
2.      Período que vai de Kant ( século XVIII) até a fenomenologia de Husserl ( século XX);
3.      Metafísica ou ontologia contemporânea, a partir dos anos de 1920.

Primeiro período
- investiga aquilo que é ou existe, a realidade em si;
- é um conhecimento racional apriorístico, ou seja, não se baseia nos dados obtidos pela experiência sensível (empiricamente), mas nos puros conceitos formados pelo pensamento puro ou pelo intelecto;
- exige a distinção entre ser e parecer ou entre realidade e aparência, seja porque, para alguns filósofos, a aparência é irreal e falsa, seja porque, para outros filósofos, a aparência só pode ser compreendida e explicada pelo conhecimento da realidade que se pertence a ela.
Até Platão o conhecimento racional era o mais importante, a partir do pensamento aristotélico o conhecimento empírico fornece alimento para o pensamento, citação de Aristóteles:
Todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações, pois, fora até da sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas e, mais que todas as outras, as visuais. Com efeito, não só para agir, mas até quando não nos propomos operar coisa alguma, preferimos, por assim dizer, a vista aos demais. A razão é que ela é, de todos os sentidos, o que melhor nos faz conhecer as coisas e mais diferenças nos descobre. (ARISTÓTELES, 1973, p. 211).  

Metafísica ou Ontologia

 O termo metafísica não foi empregado pelos filósofos gregos, ele só aparece no ano 50 a. C., quando Andrônico de Rodes recolheu e classificou as obras de Aristóteles que haviam ficado perdidas por muitos séculos. Com essa sentença – tà meta tà physica-, ou o que Aristóteles chamou de Filosofia primeira, cujo tema é o estudo do “Ser enquanto ser”. Desse modo, o que Aristóteles chamou de Filosofia Primeira passou a ser designado como Metafísica

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Para as 3ªs séries - Terceiro Bimestre

  Descartes e o Racionalismo

 Hume e o Empirismo

Kant e o Criticismo

 Sobre as Formas de Conhecimento

*Experiência: Filosofia.- Conhecimento adquirido através do uso dos sentidos .
*Conhecimento a priori:- Conhecimento adquirido sem a necessidade da experiência.
*Conhecimento a posteriori:- Conhecimento ao qual se chega depois de uma experiência.
*Sensação:- Processo de natureza física e/ou psíquica em que um estímulo ou um fator externo ou interno provoca uma reação física ou emocional em um indivíduo ou em um grupo; impressão física ou psíquica: sensação de frio: sensação de medo: Teve a sensação de que alguém havia entrado.
*Reflexão:- Pensamento sério ou meditação profunda a respeito de determinado assunto, problema, ou sobre si mesmo. Ensaio sobre um assunto, uma temática: Reflexões sobre a globalização e seus efeitos. Atenção aplicada ao processo do entendimento, aos fenômenos da consciência e às próprias ideias.

 Da Distinção Entre o Conhecimento Puro e o Empírico

Não se pode duvidar de que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, por­que, com efeito, como haveria de exercitar-se a fa­culdade de se conhecer, se não fosse pelos objetos que, excitando os nossos sentidos, de uma parte, produzem por si mesmos representações, e de ou­tra parte, impulsionam a nossa inteligência a compará-los entre si, a reuni-los ou separá-los, e deste modo à elaboração da matéria informe das impressões sensíveis para esse conhecimento das coisas que se denomina experiência?
No tempo, pois, nenhum conhecimento precede a experiência, todos começam por ela.
Mas se é verdade que os conhecimentos derivam da experiência, alguns há, no entanto, que não têm essa origem exclusiva, pois poderemos admitir que o nosso conhecimento empírico seja um composto daquilo que recebemos das impressões e daquilo que a nossa faculdade cognoscitiva lhe adiciona (estimulada somente pelas impres­sões dos sentidos); aditamento que propriamente não distinguimos senão mediante uma longa prática que nos habilite a separar esses dois elementos.
Surge desse modo uma questão que não se pode resolver à primeira vista: será possível um conhecimento independente da experiência e das impressões dos sentidos?
Tais conhecimentos são denominados “a prio­ri”, e distintos dos empíricos, cuja origem é a posteriori”, isto é, da experiência.
(...) Assim, se alguém escava os alicerces de uma casa, “a priori” poderá esperar que ela desabe, sem precisar observar a experiência da sua queda, pois, praticamente, já sabe que todo corpo aban­donado no ar sem sustentação cai ao impulso da gravidade. Assim esse conhecimento é nitida­mente empírico.
Consideraremos, portanto, conhecimento “a priori”, todo aquele que seja adquirido indepen­dentemente de qualquer experiência. A ele se opõem os opostos aos empíricos, isto é, àqueles que só o são “a posteriori”, quer dizer, por meio da experiência.
Kant, Emmanuel. Introdução- http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/critica.html#2>  Acesso em 05/05/2013.

Questões:

1º Qual  a ideia  principal do texto?

2º Para Kant, o que é o conhecimento a priori e conhecimento a posteriori?

3º Apresente uma relação de conhecimentos que você já elaborou sobre uma de suas atividades antes mesmo de tê-la vivenciado.



Para as 2ªs séries - Terceiro Bimestre

Jean Paul Sartre - Século XX


O Existencialismo

Na antiguidade:
Para Aristóteles, a essência humana existe antes mesmo de o ser humano existir. Ao longo da vida humana, a essência vai se realizando com a ação.
Para ilustrarmos o pensamento de Aristóteles podemos utilizar como exemplo uma semente:
Uma semente de maçã é uma maçã em potência, ou seja, a semente traz em si mesma a identidade do fruto da macieira e da própria macieira.
O crescimento da macieira nada mais é do que a realização de sua essência.

Na contemporaneidade:
A filosofia existencial se opõe a ideia de Aristóteles e afirma que, no caso do ser humano, “a existência precede a essência”. O ser humano não tem essência ao nascer; vai construindo aquilo que é ao longo de sua vida, ao longo de sua existência.

Vamos destacar aqui o filósofo Jean Paul Sartre ( https://www.ebiografia.com/jean_paul_sartre/)

Sartre abandona a ideia de natureza humana, pois se não nascemos com uma essência, não temos uma natureza, o que temos é uma condição, a “condição humana”.

A condição humana determina que o ser humano construa sempre sua identidade. Ele nunca é alguma coisa, ele sempre está em determinada condição. Vocês hoje estão estudantes, assim como um dia estarão universitários, profissionais de determinada área, etc. Mas nenhuma dessas realidades dá ou dará a vocês uma identidade fixa. Por isso, Sartre afirma que o humano não é propriamente um ser, mas um vir-a-ser, na medida em que ele é sempre um projeto.
Para Sartre “o homem está condenado a ser livre”, pois a única escolha que ele não pode fazer é a de não ser livre. O ser humano é livre porque sua existência é gratuita, contingente, não tem uma finalidade definida. Na medida em que é nada, o humano pode ser tudo, pode ser qualquer coisa.
A liberdade se traduz no ato da escolha. Temos todas possibilidades, e temos sempre que escolher entre essas possibilidades.
Exemplo: Se você está na escola, pode decidir assistir ou não à aula.
E toda escolha tem suas consequências, pelas quais somos responsáveis. Assim, a liberdade gera em nós uma angústia: a angústia de ter que decidir, a angústia de se saber responsável pela escolha e por suas consequências.
A escolha gera uma responsabilidade por toda a humanidade, pois alguém escolhe sempre para si mesmo e pelos outros. Se escolho, por exemplo, a vida do crime, estou afirmando que ela é uma boa opção, e não apenas para mim, mas para  todos os outros seres humanos. E sou responsável por ela.
Na conferência que Sartre fez em 1946 defendeu que o “existencialismo é um humanismo”.


Exercício de reflexão.
Vamos refletir sobre o que nos diz a poetisa brasileira Cora Coralina:
“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é decidir.” ( Cora Coralina).


Gostaria que os alunos lessem o texto: O existencialismo é um humanismo, pegar o texto no blog de filosofia –  http://gostandodefilosofia.blogspot.com.br/p/1-sartrej-p.html