Segundo a visão de Hegel:
Hegel percebe que o trabalho é a mola que impulsiona
o desenvolvimento humano; é no trabalho que o homem se produz a si mesmo; o
trabalho é o núcleo a partir do qual podem ser compreendidas as formas
complicadas da atividade criadora do sujeito humano. No trabalho se encontra
tanto a resistência do objeto (que nunca pode ser ignorada) como o poder do
sujeito, a capacidade que o sujeito tem de encaminhar, com habilidade e
persistência, uma superação dessa resistência.
Foi com o trabalho que o ser humano “desgrudou” um
pouco da natureza e pôde, pela primeira vez, contrapor-se como sujeito ao mundo
dos objetos naturais. Se não fosse o trabalho, não existiria a relação
sujeito-objeto.
O trabalho criou para o homem a possibilidade de ir
além da pura natureza. “A natureza, como tal, não cria nada de propriamente
humano”, observa o filósofo soviético Evald Iliênkov. O homem não deixa de ser
um animal, de pertencer à natureza; porém, já não pertence inteiramente a ela.
Os animais agem apenas em função das necessidades imediatas e se guiam pelos
instintos (que são forças naturais); o ser humano, contudo, é capaz de
antecipar na sua cabeça os resultados das suas ações, é capaz de escolher os
caminhos que vai seguir para tentar alcançar suas finalidades. A natureza dita
o comportamento aos animais; o homem, no entanto, conquistou certa autonomia
diante dela.
O trabalho permitiu ao homem dominar algumas das energias da natureza; permitiu-lhe, como escreveu o brasileiro José Arthur Giannotti, ter “parte da natureza à sua disposição”.
Para Arendt (2007, p.90): O Labor
“O labor tem um estatuto natural. Concerne ao processo biológico da vida – ao ciclo vital da natureza. Uma vez que o labor corresponde ao movimento circular de nascimento, desenvolvimento e perecimento, ele é o espaço natural da manutenção da vida. Ele tem por meta garantir a conservação da espécie humana. Tendo em vista que o labor visa assegurar a preservação do gênero humano, a sua atividade consiste em satisfazer as necessidades fisiológicas da existência humana. Ora, partindo do pressuposto que tudo que é produzido pelo labor deve ser consumido, o seu exercício sempre será uma repetição interminável. Só poderá ser esgotado com a extinção da existência”.
Para Arendt (2007, p. 149): O Trabalho
“Trata do artificialismo da existência humana, não contida no ciclo vital da espécie. Esses produtos, não compensam a mortalidade. O trabalho produz o mundo artificial do homem. A condição humana do trabalho é a mundanidade. O trabalho traz a ideia de produção de bens que são duradouros e que não se integram ao corpo humano para a manutenção de sua vida. A obra é uma atividade que transcende o que é naturalmente dado. Ela consiste na capacidade de o homem construir um mundo artificial, ou seja, um mundo que transcenda o ambiente natural em que ele vive. Por meio da obra, o homem modifica o mundo e o ambiente em que se encontra. Ele se torna artífice de um mundo que lhe é próprio. E é por isso que a condição humana para a obra é o fato mesmo de estarmos no mundo, a ‘mundanidade’”.
Gonzaguinha - Um Homem Também Chora
https://www.youtube.com/watch?v=u5Avvw1UyXI
REFERÊNCIAS:
ARENDT, Hannah. A Condição Humana/Hannah Arendt;
tradução de Roberto Raposo – 10 ed. – Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2007.
Konder, Leandro. O que é dialética / Leandro
Konder. — São Paulo: Brasiliense, 2008. — (Coleção Primeiros Passos: 23)
Nenhum comentário:
Postar um comentário