segunda-feira, 8 de abril de 2024

CONSUMO versus CONSUMISMO (Zygmunt Bauman)


Sociologia - Segundas Séries

Zygmunt Bauman (Poznań, Polônia, 19 de novembro de 1925 – Leeds e faleceu no  Reino Unido, em  9 de janeiro de 2017) foi um sociólogo e filósofo polonês, professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e  de Varsóvia.

 “Tentamos achar nas coisas, que por isso nos são preciosas, o reflexo que nossa Alma projetou sobre elas.” Marcel Proust

Consumimos! Desde a aurora de nossa existência, rotineira e ininterruptamente, da hora em acordamos ao momento em que vamos dormir, antes mesmo do nascimento e até após a morte, consome-se.
Mas, uma coisa é o consumo de bens necessários e até indispensáveis à vida e ao bem estar; outra é o consumismo que, desenfreado, excede a necessidade, culminando na profusão de mercadorias, na ostentação do luxo e no descarte do lixo.
Da obra do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, “Vida Para Consumo – A transformação das pessoas em mercadoria” vamos fazer uma breve reflexão sobre o Capítulo intitulado “Consumo versus Consumismo”.
Segundo o autor, o fenômeno do consumo “tem raízes tão antigas quanto os seres vivos (...) é parte permanente e integral de todas as formas de vida (...)”. Mas, enquanto o consumo constitui uma característica e ocupação de todos os seres humanos enquanto indivíduos, o consumismo, é um atributo da sociedade.
Bauman afirma que o ‘consumismo’ é um tipo de arranjo social resultante da reciclagem de vontades, desejos e anseios humanos rotineiros (neutros quanto ao regime), transformando-os na principal força propulsora da sociedade.
O ‘consumismo’ chega, diz ele, quando o consumo assume o papel-chave que na sociedade de produtores era exercido pelo trabalho. Passa a ser central quando “a capacidade profundamente individual de querer, desejar e almejar deve ser, tal como a capacidade de trabalho na sociedade de produtores.
A revolução consumista, diz o sociólogo, é uma questão que exige investigação mais atenta, diz respeito ao que ‘queremos’, ‘desejamos’ e ‘almejamos’, e como as substâncias de nossas vontades, desejos e anseios estão mudando no curso e em consequência na passagem ao consumismo.
Assim, foi-nos convencendo que a posse de um grande volume de bens garantiria uma existência segura, imune aos caprichos do destino: “Sendo a segurança a longo prazo o principal propósito e o maior valor, os bens adquiridos não se destinavam ao consumo imediato – pelo contrário, deviam ser protegidos da depreciação ou dispersão e permanecer intactos”.
No começo do século XX, o ‘consumo ostensivo’, diz ele, portava um significado bem distinto do atual: “consistia na exibição pública de riqueza com ênfase em sua solidez e durabilidade, não em uma demonstração da facilidade com que prazeres imediatos podem ser extraídos de riquezas adquiridas (...)”.
Bens resistentes e preciosos, como joias e palacetes ricamente ornamentados, “Tudo isso fazia sentido na sociedade sólido-moderna de produtores – uma sociedade que apostava na prudência, na durabilidade (...)”.
Mas o desejo humano de segurança e os sonhos de um ‘Estado estável’ definitivo não se ajustam a uma sociedade de consumidores, agora, é insuficiente. Surge a pressa e o motivo é, em parte, o impulso de adquirir e juntar. Mas o motivo mais comum que torna a pressa de fato imperativa é a necessidade de descartar e substituir, aponta Bauman. Entediante, esse enfadonho ‘viciante círculo vicioso’ gera angústia, melancolia.
Mesmo os que encontram uma real necessidade de algo, “logo tendem a sucumbir às pressões de outros produtos ‘novos e aperfeiçoados’”. Vem-nos à mente a imagem do cão correndo em círculos, a perseguir o próprio rabo. E, ao “sentir a infinidade da conexão, mas de não estar engatado em coisa alguma”, sobrevém sorrateira melancolia, o que Bauman aponta como sendo a aflição genérica do consumidor.

Atividades de exercícios 
1- O sociólogo polonês Zygmunt Bauman é autor da obra Vida para Consumo. Sobre o tema, de acordo com Bauman, assinale a alternativa CORRETA.

A-    As relações sociais construídas pelo consumo geram relações cada vez mais sólidas e estáveis.
B-    Os próprios membros da sociedade de consumo são mercadorias de consumo, qualidade que os torna autênticos membros dessa sociedade.
C-    Todas as necessidades dos membros da sociedade de consumo têm um condicionamento biológico.
D-    A sociedade de consumo tem como característica o desestímulo ao desperdício.
E-     O novo indivíduo consumista assume características sólidas e quase sempre posterga o prazer do consumo.

2- UFU 2007
Considere a afirmação abaixo e assinale a alternativa que NÃO a completa corretamente.

O discurso da publicidade reproduz as práticas de uma cultura de consumo, enfatizando o poder das marcas e se impondo como um modelo totalitário. A manipulação ideológica de noções como beleza, felicidade e a transformação do consumo em condição para a aceitação social são indicativos:


    A- da constituição do consumo como um discurso coerente, em que a propaganda se coloca como atividade manipuladora de signos.

     B- de um processo de transformação do próprio consumidor em mercadoria, em que o objeto-signo é agora sujeito.

c    C- da mudança do estatuto do próprio objeto de consumo, que passa a possuir singularidade.

d   D- de que o consumo, ao criar os sentidos do senso comum de forma hegemônica, fortalece as relações sociais.