Sociologia - Segundas Séries
Zygmunt
Bauman (Poznań, Polônia, 19 de novembro de 1925 – Leeds e faleceu no Reino Unido, em 9 de janeiro de 2017) foi um sociólogo e
filósofo polonês, professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e de Varsóvia.
“Tentamos achar
nas coisas, que por isso nos são preciosas, o reflexo que nossa Alma projetou
sobre elas.” Marcel Proust
Consumimos! Desde a aurora de nossa existência, rotineira e
ininterruptamente, da hora em acordamos ao momento em que vamos dormir, antes
mesmo do nascimento e até após a morte, consome-se.
Mas, uma coisa é o consumo de bens necessários e até
indispensáveis à vida e ao bem estar; outra é o consumismo que, desenfreado,
excede a necessidade, culminando na profusão de mercadorias, na ostentação do
luxo e no descarte do lixo.
Da obra do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, “Vida Para
Consumo – A transformação das pessoas em mercadoria” vamos fazer uma breve
reflexão sobre o Capítulo intitulado “Consumo versus Consumismo”.
Segundo o autor, o fenômeno do consumo “tem raízes tão
antigas quanto os seres vivos (...) é parte permanente e integral de todas as
formas de vida (...)”. Mas, enquanto o consumo constitui uma característica e
ocupação de todos os seres humanos enquanto indivíduos, o consumismo, é um atributo
da sociedade.
Bauman afirma que o ‘consumismo’ é um tipo de arranjo social
resultante da reciclagem de vontades, desejos e anseios humanos rotineiros
(neutros quanto ao regime), transformando-os na principal força propulsora da
sociedade.
O ‘consumismo’ chega, diz ele, quando o consumo assume o
papel-chave que na sociedade de produtores era exercido pelo trabalho. Passa a
ser central quando “a capacidade profundamente individual de querer, desejar e
almejar deve ser, tal como a capacidade de trabalho na sociedade de produtores.
A revolução consumista, diz o sociólogo, é uma questão que
exige investigação mais atenta, diz respeito ao que ‘queremos’, ‘desejamos’ e
‘almejamos’, e como as substâncias de nossas vontades, desejos e anseios estão
mudando no curso e em consequência na passagem ao consumismo.
Assim, foi-nos convencendo que a posse de um grande volume
de bens garantiria uma existência segura, imune aos caprichos do destino:
“Sendo a segurança a longo prazo o principal propósito e o maior valor, os bens
adquiridos não se destinavam ao consumo imediato – pelo contrário, deviam ser
protegidos da depreciação ou dispersão e permanecer intactos”.
No começo do século XX, o ‘consumo ostensivo’, diz ele,
portava um significado bem distinto do atual: “consistia na exibição pública de
riqueza com ênfase em sua solidez e durabilidade, não em uma demonstração da
facilidade com que prazeres imediatos podem ser extraídos de riquezas
adquiridas (...)”.
Bens resistentes e preciosos, como joias e palacetes ricamente
ornamentados, “Tudo isso fazia sentido na sociedade sólido-moderna de
produtores – uma sociedade que apostava na prudência, na durabilidade (...)”.
Mas o desejo humano de segurança e os sonhos de um ‘Estado
estável’ definitivo não se ajustam a uma sociedade de consumidores, agora, é
insuficiente. Surge a pressa e o motivo é, em parte, o impulso de adquirir e
juntar. Mas o motivo mais comum que torna a pressa de fato imperativa é a
necessidade de descartar e substituir, aponta Bauman. Entediante, esse
enfadonho ‘viciante círculo vicioso’ gera angústia, melancolia.
Mesmo os que encontram uma real necessidade de algo, “logo
tendem a sucumbir às pressões de outros produtos ‘novos e aperfeiçoados’”.
Vem-nos à mente a imagem do cão correndo em círculos, a perseguir o próprio
rabo. E, ao “sentir a infinidade da conexão, mas de não estar engatado em coisa
alguma”, sobrevém sorrateira melancolia, o que Bauman aponta como sendo a
aflição genérica do consumidor.
Atividades de exercícios
1- O sociólogo polonês Zygmunt Bauman é autor da obra Vida
para Consumo. Sobre o tema, de acordo com
Bauman, assinale a alternativa CORRETA.
A-
As relações sociais
construídas pelo consumo geram relações cada vez mais sólidas e estáveis.
B-
Os próprios membros da
sociedade de consumo são mercadorias de consumo, qualidade que os torna
autênticos membros dessa sociedade.
C-
Todas as necessidades
dos membros da sociedade de consumo têm um condicionamento biológico.
D-
A sociedade de consumo
tem como característica o desestímulo ao desperdício.
E-
O novo indivíduo
consumista assume características sólidas e quase sempre posterga o prazer do
consumo.
2- UFU 2007
Considere a afirmação abaixo e assinale a alternativa que NÃO a completa corretamente.
O discurso da publicidade reproduz as práticas de uma
cultura de consumo, enfatizando o poder das marcas e se impondo como um modelo
totalitário. A manipulação ideológica de noções como beleza, felicidade e a
transformação do consumo em condição para a aceitação social são indicativos:
A- da constituição do
consumo como um discurso coerente, em que a propaganda se coloca como atividade
manipuladora de signos.
B- de um processo de
transformação do próprio consumidor em mercadoria, em que o objeto-signo é
agora sujeito.
c C- da mudança do estatuto
do próprio objeto de consumo, que passa a possuir singularidade.
d D- de que o consumo, ao
criar os sentidos do senso comum de forma hegemônica, fortalece as relações
sociais.