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Este blog foi criado para apresentar a filosofia aos meus alunos e a todos os que se interessarem. O objetivo é fazer com que os jovens possam ter acesso ao conteúdo filosófico de forma lúdica e acessível. Maria Aparecida Souza Oliveira
sábado, 6 de abril de 2019
Teoria de Montesquieu – Três Poderes
Um dos objetivos
principais que regiam o pensamento de vários filósofos, teóricos e pensadores
desde a antiguidade, sempre foi o de encontrar uma forma, um modelo de estado
onde o poder não se centralizasse somente nas mãos de uma pessoa ou de um
pequeno grupo e/ou instituição.
Preocupados em
encontrar uma forma de governo que não favorecesse tiranias nem absolutismos,
para obter uma igualdade de direitos entre todos e um Estado justo e
democrático, esses pensadores, a partir de Platão e Aristóteles, e chegando ao
século XVI no ápice do iluminismo com John Locke, apontavam como forma de se
obter uma sociedade mais justa uma divisão entre os tipos de poderes.
A concepção de Três
Poderes que temos hoje é gerada a partir do século XVII, após um árduo trabalho
de análise social de pensadores ainda anteriores a este século e que com o
iluminista Montesquieu, em 1748, vem a ser elaborada de maneira mais clara e
definitiva. Todo estado tido como democrático ou não absolutista tem em sua
estruturação a identificação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
mesmo com defasagens possíveis ou mesmo nomenclaturas diferentes.
A separação ou
tripartição dos três poderes é uma teoria desenvolvida por Charles de
Montesquieu, na obra o “O Espírito das Leis” (1748), foi criada a partir de
influências de outros pensadores anteriores a ele, como Aristóteles na obra
intitulada “Política” e posteriormente por John Locke cem anos antes de “O
Espírito das Leis”. Porém, nenhuma obra anterior explica de forma mais coerente
e detalhada a estruturação de um estado regido sob os três poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário) como a de Charles-Louis de Secondat (ou Montesquieu).
Tudo aconteceu a
partir de um trabalho de busca da essência, da natureza de cada tipo de poder
estabelecido nas sociedades e comparando as relações que as leis da época
tinham com a natureza em si.
Montesquieu
desenvolveu uma ideia que dá o parâmetro do constitucionalismo, ou seja, do
conjunto de leis contidas numa constituição. É o tipo de regência mais comum em
quase todos os tipos de governos de hoje e que busca de maneira democrática
designar as autoridades competentes a cada âmbito da sociedade. Isso ocorre
para se evitar o autoritarismo, a arbitrariedade e a violência, que eram comuns
na maioria das monarquias absolutistas da época, quando reis e tiranos
sustentavam suas próprias concepções do que achavam que era justo ou verdadeiro
a partir de conceitos puramente religiosos e/ou impositores.
A partir dessa
concepção de constitucionalismo em sua obra, Montesquieu começou a traçar um
pensamento de forma a dividir os poderes dentro de um governo. Inspirado pela
constituição inglesa da época, que apesar de não ter essa divisão clara em sua
estruturação, o francês dividiu de maneira cuidadosa e detalhada para os moldes
de sua época os três poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário.
A ideia central da
teoria dos três poderes é de que um poder em suas atribuições equilibraria a
autonomia e interviria quando necessário no outro, propondo uma harmonia e uma
maior organização na esfera governamental de um estado.
Em síntese, pode-se
dizer, grosso modo, que é um regime onde o poder é limitado e equilibrado pelo
poder, ou seja, como o próprio Montesquieu citou em 'O Espírito das Leis': “[...]
só o poder freia o poder”, o que ele chama de “Sistema de freios e
contrapesos”. Nenhum dos três poderes tem autonomia absoluta sobre a sociedade,
nem sobre os outros tipos de poderes; mas sim um em conjunto com o outro, deveriam
reger o Estado de maneira a exercer uma igualdade social e governamental.
A partir dos moldes da
constituição inglesa, Montesquieu dividiu os três poderes, resumidamente (pois
abordaremos cada tipo de poder ao longo do site com mais detalhes), da seguinte
forma:
- O Executivo seria regido pelo rei, com o poder
de veto sobre as decisões do legislativo que era formado pelo parlamento (ou
legislativo).
- O Legislativo, sempre convocado pelo executivo,
seria formado por duas esferas: uma de pessoas da própria sociedade (o “corpo
dos comuns”) que era composta por pessoas do povo, que representavam as mais
diferentes classes sociais e outra formada por nobres, intelectuais e pessoas
influentes que tinham herança hereditária de influência ou poder (o “corpo dos
nobres”) e tinha o poder de veto sobre as decisões e propostas do corpo dos
comuns. Eram assembleias independentes que propunham propostas de leis e
estatutos que iriam reger a monarquia e o estado, tendo de passar pela
aprovação do rei.
- O Judiciário não deveria ser único, pois
considerava que nobres deveriam ser julgados por outros nobres, o que, segundo
alguns teóricos, indica que Montesquieu não defendia a igualdade de todos
perante a lei. Outra visão é de que, para diferentes particularidades de cada
caso, existissem diferentes tribunais, todos eles refletindo segundo a
constituição do país a sentença de acordo com o caso.
O trabalho de
Montesquieu influenciou logo em seguida na criação da constituição dos Estados
Unidos e, consequentemente, a tripartição dos poderes se tornou a base de
qualquer esfera democrática no mundo contemporâneo.
sábado, 23 de fevereiro de 2019
René Descartes
A
DESCOBERTA DA RAZÃO
Há uma linha direta de pensadores
que nasce em Sócrates e Platão, passa por Santo Agostinho e chega a Descartes.
Todos eram racionalistas típicos, convictos de que a razão é o único caminho
para o conhecimento. Depois de muito estudar, Descartes concluiu que o
conhecimento herdado da Idade Média não era necessariamente confiável. Tal como
Sócrates, decidiu criar uma filosofia própria.
Descartes foi o fundador da
filosofia moderna. Após a impetuosa redescoberta do homem como centro de tudo
(antropocentrismo) e da Natureza no Renascimento, a necessidade de reunir o
pensamento contemporâneo em um sistema filosófico coerente voltou a se
apresentar. Descartes foi o primeiro a formular um sistema desses. A ele se
seguiram Spinoza e Leibniz, Locke e Berkeley, Hume e Kant.
O
SISTEMA CARTESIANO
A principal preocupação de Descartes
era com aquilo que podemos conhecer, ou, em outras palavras, o conhecimento
verdadeiro. Quando se tratava da aquisição do conhecimento verdadeiro, muitos
dos contemporâneos de Descartes expressavam um total ceticismo filosófico.
Achavam que o homem deveria aceitar o fato de que nada sabe. Mas Descartes não
aceitava tal imposição.
Foi na época de Descartes que as
novas ciências naturais elaboraram um método científico que propiciaria
descrições precisas dos processos e fenômenos naturais. Descartes se perguntou
se haveria um método igualmente confiável de reflexão filosófica. O sistema que
ele procurava deveria ser uma filosofia construída de modo a incluir todos os
aspectos da realidade do mundo e buscar as explicações para todas as questões
centrais da filosofia. A Antiguidade teve grandes construtores de sistemas, nas
figuras de Platão e Aristóteles. A Idade Média teve são Tomás de Aquino, que
tentou construir uma ponte entre a filosofia de Aristóteles e a teologia
cristã. Em seguida, veio o Renascimento, com a fusão de novas e velhas crenças
sobre a Natureza e a ciência, Deus e o homem. Mas foi somente no século XVII
que os filósofos passaram a tentar reunir novas idéias em sistemas filosóficos
claros e o primeiro a fazê-lo foi Descartes.
PRIMEIRA
VERDADE – PENSO, LOGO EXISTO
Descartes era matemático e pretendia
usar o “método matemático” até mesmo para filosofar. Estava disposto a provar
verdades filosóficas da mesma forma que se demonstra um teorema matemático, ou
seja, pelo uso da razão, uma vez que apenas a razão pode nos dar a certeza
sobre as coisas, pois acreditava que não é certo que podemos confiar em nossos
sentidos. Considerava que somente poderia ser aceito como verdadeiro aquilo que
se apresentasse claro e distintamente à razão. Para tanto, Descartes estabelece
quatro regras (método cartesiano) por ele aplicadas para fundamentar sua
filosofia:
1
– Regra da EVIDÊNCIA: acolher apenas o que aparece ao espírito como ideia clara
e distinta;
2
– Regra da ANÁLISE: dividir cada dificuldade em parcelas menores para
resolvê-las por parte;
3
– Regra da ORDEM: conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos
mais simples e mais fáceis de conhecer
para só depois avançar nos mais complexos e compostos e
4
– Regra da ENUMERAÇÃO: fazer revisões gerais de tudo o que foi feito para se
ter certeza de que nada foi omitido.
O objetivo de Descartes era chegar
a uma certeza sobre a natureza da vida, isto é, em que ela consiste. Ele
começou por afirmar que, em primeiro lugar, devemos duvidar de tudo. Isso
porque ele buscava um fundamento para seu sistema que fosse absolutamente
sólido, acima de qualquer dúvida. Era importante para Descartes libertar-se de
todo o conhecimento herdado antes de construir um sistema filosófico, porque
percebeu que tal conhecimento não lhe garantia a construção de um sistema
seguro.
O exercício da dúvida cartesiana
tornou-se uma referência importantíssima e um clássico da filosofia moderna.
Tal exercício foi conduzido pelo filósofo da seguinte maneira:
Dúvida
metódica:
porque a dúvida vai se ampliando passo a passo, de maneira ordenada e lógica;
Dúvida
radical:
porque a dúvida vai atingindo a tudo e chega a um ponto extremo em que não é
possível ter certeza de nada, nem de que o mundo existe. Como em um jogo, uma
brincadeira, Descartes tentou duvidar, até da própria existência. É uma dúvida
também chamada hiperbólica, isto é, maior do que o normal, maior do que o
esperado, bastante difícil de atingir.
Assim, dizia ele, mesmo o que vemos
com nossos próprios olhos está longe da certeza. Sabemos que, às vezes, nossos
sentidos nos iludem. Como ter certeza, então, de que não estamos sendo iludidos
o tempo todo? Descartes chegou a pensar que poderia ser bastante possível que
nossa vida inteira não passasse de um sonho.
“Quando penso bem sobre isso, não
encontro uma única característica que marque com certeza a diferença entre o
estar acordado e o sonho”, escreveu ele. E prosseguiu: “Como podemos estar
certos de que toda a nossa vida não passa de um sonho?”. Duvidava, até mesmo,
da existência de seu corpo e das coisas do mundo exterior.
Parecia não haver nada de que
pudesse estar certo. Mas Descartes tentou avançar a partir desse ponto zero.
Logo se deu conta de que pouca coisa restava além da dúvida. Duvidava de tudo e
essa era a única coisa de que tinha certeza. Mas então lhe ocorreu uma idéia:
havia, afinal, algo verdadeiro e era o fato de que duvidava. Quando ele
duvidava, percebia que estava pensando e, porque estava pensando, tinha de ser
verdadeiro que ele existia. Ou, como ele mesmo expressou: Cogito ergo sum, que
significa “Penso, logo existo”. Essa conclusão lhe dava garantia de que
existia, pois não era possível imaginar alguém tendo um pensamento de dúvida e
não existir.
Portanto, Descartes descobriu,
então, que existia porque ele pensava, independentemente de possuir um corpo,
algo que ele já tinha posto em dúvida. Assim, chegou à conclusão de que possuir
um corpo não faria parte da sua natureza absoluta, isto é, não faria parte da
sua descoberta. Sua essência seria a de ser algo pensante, ou como ele mesmo
expressou: sum res cogitans, que
significa: “Sou um ser pensante”.
Referências:
CHAUI,Marilena.
Convite a Filosofia. Editora Ática,
São Paulo,1997.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019
Para as turmas das 3ªs séries do Ensino Médio de 2019
Entrem no link abaixo e baixem o pdf do arquivo sobre os Filósofos Pré-Socráticos.
Clique aqui: Texto para pesquisa, páginas 14-39.
Referência:
NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à idade moderna/Ubaldo Nicola:[Maria Margherita De Luca]. - São Paulo: Globo, 2005.
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