https://soundcloud.com/maria-aparecida-souza-oliveira/1-aula-da-2s-series-a-e-b-de-sociologia
No mundo cada vez mais globalizado em que vivemos, o fluxo de pessoas cresce enquanto sobe o número de cidadãos que se mudam de um país para o outro. Nesse contexto, aumentam também as dúvidas sobre as diferenças entre migração, imigração e emigração. Afinal, qual é a definição de cada um desses conceitos? E qual será o seu caso se você sair do Brasil para ir viver em outro país?
Começarei com uma explicação breve sobre essas três palavras tão similares, mas tão diferentes. Em seguida, darei exemplos e listarei mais detalhadamente as particularidades de cada uma. Continue a leitura e fique de olho!
O que significa migração, imigração e emigração?
Tanto a emigração quanto a imigração são fenômenos espontâneos, ou seja, que acontecem por vontade própria de cada pessoa.
Emigrar significa deixar o país em que você nasceu para morar em outro. Já a imigração é o outro lado da moeda — um imigrante é uma pessoa que estabeleceu-se em um país estrangeiro. Se você sai do Brasil para morar nos Estados Unidos, por exemplo, é considerado um emigrante pelos brasileiros e um imigrante pelos norte-americanos.
Enquanto isso, o conceito de migração está diretamente relacionado ao fluxo de pessoas. Migrar significa simplesmente deslocar-se de um local para o outro, seja para saída, seja para entrada.
E não só entre países! A migração também pode acontecer de um estado para o outro, de uma cidade para a outra ou de uma região para a outra. Dessa forma, podemos entender que a imigração e a emigração fazem parte do conceito de migração.
Quais são alguns exemplos desses deslocamentos?
Para não deixar nenhuma dúvida, nada melhor do que eu mostrar alguns exemplos claros para ilustrar os conceitos de migração, imigração e emigração!
Migração
Migrar do Brasil para os Estados Unidos significa sair do primeiro país e ir para o segundo. Nesse caso, não interessa se você nasceu em um deles, pois a migração apenas indica que você saiu de um lugar para o outro.
Mudar-se do Paraná para o Rio de Janeiro também é uma migração, assim como mudar-se da capital de São Paulo para Campinas.
As pessoas migram por diversos motivos. Alguns deles são particulares, como a busca por melhores oportunidades de emprego. Mas também há situações mais amplas que estabelecem movimentos migratórios, como o desejo de fugir de uma região de conflito/guerra ou deixar o local depois de situações de alagamento. Esses casos podem atingir uma alta parcela da população.
Emigração
Vou continuar com o exemplo da pessoa, brasileira, que se muda do Brasil para os Estados Unidos. Do ponto de vista do Brasil, esse indivíduo é um emigrante, pois saiu de seu país de origem para morar em outro lugar. Ou seja, seus amigos e parentes que continuarem por aqui vão caracterizar você como um emigrante.
Ao contrário da migração, que não precisa ser entre países, a emigração necessariamente acontece do país de origem para outro país, sem abarcar também mudanças de cidade, estado, região etc.
Imigração
A imigração é quase a mesma coisa, só que do ponto de vista das pessoas que residem/nasceram no país no qual você foi morar — ou seja, os norte-americanos, se continuarmos com o exemplo que dei anteriormente. Pessoas estrangeiras vivendo nos Estados Unidos, ou em qualquer outro país, são chamadas de imigrantes.
Para resumir: no caso de um brasileiro que se muda para os Estados Unidos, ele é um emigrante para os brasileiros e um imigrante para os norte-americanos.
É importante entender as diferenças entre migração, imigração e emigração para que você compreenda melhor a sua condição em uma nova vivência em país estrangeiro e, até mesmo, para se comunicar melhor com seus novos “vizinhos”. Além disso, os conceitos são interessantes na hora de buscar pessoas com experiências similares à sua.
Atividades de exercícios avaliativos:
1) “O Ministério da Justiça brasileira, entre 2009 e o primeiro semestre de 2011, regularizou a permanência no Brasil de 18.004 bolivianos. De acordo com as estatísticas, os bolivianos são a comunidade estrangeira que mais cresce em São Paulo, e a principal motivação para esse deslocamento é a busca por emprego”.
Disponível em Bolivianos no Brasil. Acesso: 08 jul 2013.
Nesse contexto, o deslocamento feito pelos bolivianos
a) coloca-os na condição de imigrantes em território brasileiro.
b) corresponde a um processo de migração pendular.
c) classifica-os como emigrantes no espaço brasileiro.
d) configura um processo de migração sazonal.
e) são migrantes esporádicos
2) “A migração entre regiões do país perdeu intensidade na última década, e estados do Nordeste, além de reter população, começaram a receber de volta os que deixaram seus estados rumo ao centro-sul do país. É o que diz um levantamento divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (15) com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2009 e dos Censos realizados em 2000 e 2010. […]”
G1, 15 jul. 2011. Adaptado.
De acordo com o trecho da reportagem acima, podemos concluir que:
a) As migrações internas massificaram-se no Brasil.
b) Houve uma redução das migrações intrarregionais.
c) As migrações inter-regionais inverteram seu fluxo original.
d) Os deslocamentos intrarregionais foram substituídos pelos inter-regionais.
e) Acontece, atualmente, uma inversão do êxodo rural brasileiro.
3) Evitar o êxodo rural é o principal desafio da política interna chinesa
A luta de clãs perante o 18º Congresso do Partido Comunista da China não mudará, provavelmente, um dos principais eixos da política interna chinesa: impedir o êxodo rural, ainda mais agora que as pessoas que vivem nos centros urbanos superaram pela primeira vez a população do campo no país. [...]
Portal Terra, 30 set. 2012. Adaptado.
O conceito migratório em destaque na manchete da reportagem acima significa:
a) a migração, em massa, de trabalhadores do campo para as cidades em um mesmo território.
b) a saída de pessoas de países predominantemente rurais para sociedades urbanizadas.
c) o deslocamento diário e contínuo da população do campo para trabalhar nas grandes cidades.
d) a perda da população rural em razão do deslocamento desta para outros países.
e) o exílio voluntário praticado por moradores das cidades em direção a zonas rurais afastadas.
4) Migrações pendulares são:
a) movimentos da população rural em direção aos grandes centros urbanos.
b) deslocamento maciço de populações urbanas em direção ao campo.
c) movimentos ligados a atividades pastoris.
d) movimentos diários de trabalhadores entre o local de residência e o local de trabalho.
e) troca de imigrantes entre as grandes regiões.
5) O Sudeste brasileiro foi durante muitos anos a região brasileira que mais recebeu migrantes, no entanto, nas últimas décadas esse cenário mudou, atualmente a região Centro-Oeste é o principal destino para os fluxos migratórios. Essas regiões recebem migrantes de várias partes do Brasil. O complexo regional brasileiro que é a principal origem de emigrantes (que saem) é:
a) Sudeste
b) Centro-Oeste
c) Norte
d) Sul
e) Nordeste
6)
[…] Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café
Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão
Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão. […]
BUARQUE, Chico. Cotidiano. Construção, Philips, 1993.
Na letra da canção de Chico Buarque, observa-se uma certa rotina do eu lírico quanto às suas atividades diárias, o que inclui ir e voltar do seu trabalho. Esse tipo de deslocamento caracteriza-se como:
a) transumância
b) migração pendular
c) migração sazonal
d) mudança diária
e) migração externa
Ouçam a música neste link: https://www.youtube.com/watch?v=qcViKFPoPtE&list=RDqcViKFPoPtE&start_radio=1&t=0
Este blog foi criado para apresentar a filosofia aos meus alunos e a todos os que se interessarem. O objetivo é fazer com que os jovens possam ter acesso ao conteúdo filosófico de forma lúdica e acessível. Maria Aparecida Souza Oliveira
quarta-feira, 10 de junho de 2020
A FILOSOFIA DE LOCKE
John Locke
Em seu 2º Tratado sobre o Governo Civil, Locke contraria Hobbes ao defender que o estado de natureza não poderia ser uma guerra de todos contra todos, mas um estado de perfeita liberdade, sem nenhuma forma de subordinação ou sujeição, sendo todos os homens iguais em poder. Nesse estado, os homens gozariam dos chamados direitos naturais: vida, liberdade, igualdade e propriedade privada – essa última seria derivada do trabalho e, portanto, natural.
No estado de natureza, não havendo polícia ou leis para impedir que os indivíduos se molestarem, põe-se nas mãos de todos os homens o poder de preservar sua propriedade contra os danos de outros homens. É claro que, numa situação em que todos têm o direito de castigar um infrator, surgem inconvenientes: sendo os homens juízes de seus próprios casos, o amor próprio, a paixão e a vingança os levariam longe demais na punição de outrem, daí seguindo a confusão e a desordem. Além disso, caso um homem não tenha força para punir seu ofensor, ou defender-se dele, não há apelo a fazer senão aos céus.
Por causa desses inconvenientes, os homens, por “necessidade e conveniência”, decidiram reunir-se fazendo um pacto que resulta no contrato social para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens. Assim, a sociedade política nasce quando os indivíduos renunciam ao seu poder natural de justiça, passando-o às mãos do governo, com o objetivo único de conservar a si próprio, sua liberdade e sua propriedade – o chamado “Contrato Social”.
Em outras palavras, para Locke, o governo não surge para restringir liberdades individuais, mas para preservá-las. Todo governo que não preservar esses direitos pode ser derrubado pelos indivíduos, uma vez que todo o poder político tem origem no consentimento da maioria. A revolução armada é, dessa forma, legitimada e justificada por Locke. Eis aqui o nascimento do chamado liberalismo político, em oposição ao absolutismo da época.
O apreço por Locke às liberdades individuais também dá o tom em Carta sobre a Tolerância, o principal texto moderno acerca da tolerância religiosa. Quando Locke afirma que a religião deve permanecer na esfera individual – o que é, aliás, um dos baluartes do pensamento liberal –, ele cria a fórmula do Ocidente para evitar as guerras religiosas.
Exercícios
1-
Os filósofos contratualistas elaboraram suas teorias sobre os fundamentos ou
origens do poder do Estado a partir de alguns conceitos fundamentais tais como,
a soberania, o estado de natureza, o estado civil, o estado de guerra, o pacto
social etc.
"[…] O estado de guerra
é um estado de inimizade e destruição […] nisto temos a clara diferença entre o
estado de natureza e o estado de guerra, muito embora certas pessoas os tenham
confundido, eles estão tão distantes um do outro […]."
LOCKE,
John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1978.
Leia o texto acima e assinale a
alternativa correta.
a) Para Locke, o estado de natureza é um estado de destruição,
inimizade, enfim uma guerra “de todos os homens contra todos os homens”.
b) Segundo
Locke, o estado de natureza se confunde com o estado de guerra.
c)
Segundo Locke, para compreendermos o poder político, é
necessário distinguir o estado de guerra do estado de natureza.
d) Uma das semelhanças entre Locke e Hobbes está no fato de
ambos utilizarem o conceito de estado de natureza exatamente com o mesmo
significado.
2 - Leia o texto a seguir.
Locke
divide o poder do governo em três poderes, cada um dos quais origina um ramo de
governo: o poder legislativo (que é o fundamental), o executivo (no qual é
incluído o judiciário) e o federativo (que é o poder de declarar a guerra,
concertar a paz e estabelecer alianças com outras comunidades). Enquanto o
governo continuar sendo expressão da vontade livre dos membros da sociedade, a
rebelião não é permitida: é injusta a rebelião contra um governo legal. Mas a
rebelião é aceita por Locke em caso de dissolução da sociedade e quando o
governo deixa de cumprir sua função e se transforma em uma tirania.
(LOCKE,
John. In: MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2001. V. III.
p. 1770.)
Com base no texto e nos
conhecimentos sobre John Locke, é correto afirmar:
I
- O direito de rebelião é um direito natural e legítimo de todo cidadão sob a
vigência da legalidade.
II
- O Estado deve cuidar do bem-estar material dos cidadãos sem tomar partido em
questões de matéria religiosa.
III
- O poder legislativo ocupa papel preponderante.
IV
- Na estrutura de poder, dentro de certos limites, o Estado tem o poder de
fazer as leis e obrigar que sejam cumpridas.
Assinale a alternativa correta.
A)
Somente as afirmativas
I e II são corretas.
B)
Somente as afirmativas
I e III são corretas.
C)
Somente as afirmativas
III e IV são corretas.
D)
Somente as afirmativas
I, II e IV são corretas.
E)
Somente as afirmativas
II, III e IV são corretas.
3 - Leia o seguinte texto de Locke:
“Aquele
que se alimentou com bolotas que colheu sob um carvalho, ou das maçãs que
retirou das árvores na floresta, certamente se apropriou deles para si. Ninguém
pode negar que a alimentação é sua. Pergunto então: Quando começaram a lhe
pertencer? Quando os digeriu? Quando os comeu? Quando os cozinhou?
Quando
os levou para casa? Ou quando os apanhou?”
Com base no texto e nos
conhecimentos sobre o pensamento de John Locke, é correto afirmar que a
propriedade:
I
- Tem no trabalho a sua origem e fundamento, uma vez que ao acrescentar algo
que é seu aos objetos da natureza o homem os transforma em sua propriedade.
II
- A possibilidade que o homem tem de colher os frutos da terra, a exemplo das
maçãs, confere a ele um direito sobre eles que gera a possibilidade de acúmulo
ilimitado.
III
- Animais e frutos, quando disponíveis na natureza e sem a intervenção humana,
pertencem a um direito comum de todos.
IV
- Nasce da sociedade como consequência da ação coletiva e solidária das
comunidades organizadas com o propósito de formar e dar sustentação ao Estado.
Assinale a alternativa correta.
A)
Somente as afirmativas
I e II são corretas.
B)
Somente as afirmativas
I e III são corretas.
C)
Somente as afirmativas
III e IV são corretas.
D)
Somente as afirmativas
I, II e IV são corretas.
E)
Somente as afirmativas
II, III e IV são corretas.
quinta-feira, 14 de maio de 2020
terça-feira, 12 de maio de 2020
Sócrates, Platão, e Aristóteles
Terceiras Séries
No texto que vocês terão acesso (pelo link abaixo destacado com o nome dos filósofos), do italiano Ubaldo Nicola, vocês precisarão ler os problemas e as teses que serão destacadas aqui, os filósofos do período antigo costumavam classificar seus questionamentos e elencá-los por área de conhecimento, por isso, muitos de nós conhece o filósofo por um destaque e um estudo que ele elaborou, mas ele, talvez, tenha pensado em muitas questões, o que é o caso dos filósofos que agora estudaremos, por isso, nesta obra, existem números que identificam quais os problemas e as teses que os filósofos pensaram. Pedirei que vocês prestem atenção em alguns problemas e suas teses de solução, de cada um dos filósofos e as destaquem em seus cadernos, mas especificamente os que contém estes números:
1- Sócrates nº 23, 24 e 25, é importante vocês lerem a biografia do filósofo e depois destacar seus problemas e suas teses dando ênfase aos conceitos por ele desenvolvido.
2- Platão nº 29 e 30, é importante ler a biografia e depois ir até os problemas e as teses que ele desenvolveu.
3- Aristóteles nº 35, 36 e 42, é importante ler a biografia, ler os problemas e as teses que foram solicitadas.
Depois que fizerem isso, por favor, façam três perguntas que vocês gostariam que fossem respondidas a partir do que estudaram sobre esses filósofos e suas teorias. É importante destacar não quero que falem de suas vidas pessoais, mas de seus pensamentos e de suas teorias.
As perguntas serão postadas no Google sala de aula. E os cadernos poderão ser fotografados e apresentados no nosso grupo de WhatsApp.
Sócrates, Platão e Aristóteles
clique neste link
sexta-feira, 24 de abril de 2020
Jogo da Plataforma JORNADA X
Galera, estou postando aqui um
link do jogo
operação Antivírus,
venham resolver os desafios
colocados por este jogo,
estão todos convidados!
sexta-feira, 17 de abril de 2020
Ética Aristotélica
Segundas Séries
A Ética dos Antigos, com destaque para Aristóteles
Na práxis, o agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis. Assim, por exemplo, dizer a verdade é uma virtude do agente, inseparável de sua fala verdadeira e de sua finalidade, que é proferir uma verdade. Na práxis ética somos aquilo que fazemos e o que fazemos é a finalidade boa ou virtuosa. Ao contrário, na técnica, diz Aristóteles, o agente, a ação e a finalidade da ação estão separados, sendo independentes uns dos outros. Um carpinteiro, por exemplo, ao fazer uma mesa, realiza uma ação técnica, mas ele próprio não é essa ação nem é a mesa produzida pela ação. A técnica tem como finalidade a fabricação de alguma coisa diferente do agente e da ação fabricadora. Dessa maneira, Aristóteles distingue a ética e a técnica como práticas que diferem pelo modo de relação do agente com a ação e com a finalidade da ação. Também devemos a Aristóteles a definição do campo das ações éticas. Estas não só são definidas pela virtude, pelo bem e pela obrigação, mas também pertencem àquela esfera da realidade na qual cabem a deliberação e a decisão ou escolha.
Em outras palavras, quando o curso de uma realidade segue leis necessárias e universais, não há como nem por que deliberar e escolher, pois as coisas acontecerão necessariamente tais como as leis que as regem determinam que devam acontecer.
Não deliberamos sobre as estações do ano, o movimento dos astros, a forma dos minerais ou dos vegetais. Não deliberamos e nem decidimos sobre aquilo que é regido pela Natureza, isto é, pela necessidade. Mas deliberamos e decidimos sobre tudo aquilo que, para ser e acontecer, depende de nossa vontade e de nossa ação. Não deliberamos e não decidimos sobre o necessário, pois o necessário é o que é e o que será sempre, independentemente de nós. Deliberamos e decidimos sobre o possível, isto é, sobre aquilo que pode ser ou deixar de ser, porque para ser e acontecer depende de nós, de nossa vontade e de nossa ação. Aristóteles acrescenta à consciência moral, trazida por Sócrates, a vontade guiada pela razão como o outro elemento fundamental da vida ética.
A importância dada por Aristóteles à vontade racional, à deliberação e à escolha o levou a considerar uma virtude como condição de todas as outras e presente em todas elas: a prudência ou sabedoria prática. O prudente é aquele que, em todas as situações, é capaz de julgar e avaliar qual a atitude e qual a ação que melhor realizarão a finalidade ética, ou seja, entre as várias escolhas possíveis, qual a mais adequada para que o agente seja virtuoso e realize o que é bom para si e para os outros.
Se examinarmos o pensamento filosófico dos antigos, veremos que nele a ética afirma três grandes princípios da vida moral:
1. por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa;
2. a virtude é uma força interior do caráter, que consiste na consciência do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, pois cabe a esta última o controle sobre instintos e impulsos irracionais descontrolados que existem na natureza de todo ser humano;
3. a conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível e desejável para um ser humano. Saber o que está em nosso poder significa, principalmente, não se deixar arrastar pelas circunstâncias, nem pelos instintos, nem por uma vontade alheia, mas afirmar nossa independência e nossa capacidade de autodeterminação.
O sujeito ético ou moral não se submete aos acasos da sorte, à vontade e aos desejos de um outro, à tirania das paixões, mas obedece apenas à sua consciência – que conhece o bem e as virtudes – e à sua vontade racional – que conhece os meios adequados para chegar aos fins morais. A busca do bem e da felicidade são a essência da vida ética.
Podemos resumir a ética dos antigos em três aspectos principais:
1. o racionalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a razão, que conhece o bem, o deseja e guia nossa vontade até ele;
2. o naturalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a Natureza (o cosmos) e com nossa natureza (nosso ethos), que é uma parte do todo natural;
3. a inseparabilidade entre ética e política: isto é, entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade, pois somente na existência compartilhada com outros encontramos liberdade, justiça e felicidade.
A ética, portanto, era concebida como educação do caráter do sujeito moral para dominar racionalmente impulsos, apetites e desejos, para orientar a vontade rumo ao bem e à felicidade, e para formá-lo como membro da coletividade sociopolítica. Sua finalidade era a harmonia entre o caráter do sujeito virtuoso e os valores coletivos, que também deveriam ser virtuosos.
História e virtudes
Viemos observando que os valores morais modificam-se na História porque seu conteúdo é determinado por condições históricas. Podemos comprovar a determinação histórica do conteúdo dos valores, examinando as virtudes definidas em diferentes épocas. Se tomarmos a Ética a Nicômaco, de Aristóteles, nela encontraremos a síntese das virtudes que constituíam a areté (a virtude ou excelência ética) e a moralidade grega durante o tempo em que a polis autônoma foi a referência
social da Grécia. Aristóteles distingue vícios e virtudes pelo critério do excesso, da falta e da moderação: um vício é um sentimento ou uma conduta excessivos, ou, ao contrário, deficientes; uma virtude, um sentimento ou uma conduta moderados.
Resumidamente, eis o quadro aristotélico:
Marilena Chaui, Convite á Filosofia, Ed. Ática, São Paulo, 2000.
As virtudes: o justo
meio
A virtude (areté) é a
expressão maior da excelência de uma pessoa, de sua integridade, de sua
identidade. A paixão, por outro lado, torna-a confusa, dividida entre desejos
contrários, conflitantes, opostos. Alguém sob o domínio da paixão pode
inclinar-se ao vício, que é o excesso ou a falta da paixão. A virtude é
encontrar, pelo uso da razão, o meio-termo entre esses extremos, que
Aristóteles chamou de justo meio.
Suponha-se alguém
dominado pelo prazer (que, para Aristóteles, é uma paixão). Esse alguém pode
ser libertino (um dos extremos do prazer prazer em excesso) ou insensível (o
extremo oposto: falta de prazer), O justo meio, aqui, é a temperança, à qual se
chega pelo uso da razão.
A virtude, assim, está
ligada à razão. E, como todo homem é dotado de razão, todo homem pode alcançar
a virtude. Basta identificar a paixão que o domina, reconhecer seus extremos e
procurar, racionalmente, seu justo meio.
A maior de todas as
virtudes, diz Aristóteles, é a justiça. Sua força sobre as demais consiste em
sua perfeição, porque quem é justo projeta-se mais para o outro do que para si
mesmo. Em outras palavras, tudo que protege o conjunto dos indivíduos (a
sociedade) é mais importante do que aquilo que protege somente um dos membros
dessa sociedade, Por isso, dos males, a injustiça é o maior, pois destrói o
tecido social.
Política e Estado
Como Platão, Aristóteles
também faz um estudo dos regimes políticos, divididos em monarquia,
aristocracia e politeia ou república. Tal qual Platão, Aristóteles considera
que cada um deles pode degenerar a monarquia, em tirania; a aristocracia, em
oligarquia; a democracia, em anarquia.
O melhor dos regimes
possíveis consistirá em uma combinação do que há de melhor em cada um deles. O
melhor da república é a liberdade e a igualdade; da monarquia, a capacidade de
criar riquezas; e da aristocracia, sua excelência, capacidade e qualidades
intelectuais,
Entre os escritos
políticos de Aristóteles, a Constituição de Atenas, descoberta no século XIX no
Egito, ocupa um lugar especial. Essa obra era parte das 158 constituições que
Aristóteles reunira a fim de ter uma base empírica para a reflexão sobre teoria
política.
“Uma constituição é a
ordem ou distribuição dos poderes de um Estado, isto é, a maneira como são
divididos, a sede da soberania e o fim a que se propõe a sociedade.”
Aristóteles, Política,
III, 1278b 6-10
Os estudantes farão um resumo do texto no caderno, destacando os principais conceitos do pensamento ético antigo, tanto das questões éticas, quanto das questões políticas. Depois farão uma destaque das virtudes: três virtudes e o que elas significam na prática e três vícios que podem ser tanto de excesso, quanto da falta e o que esses vícios significam na prática, podem fazer isso no caderno e fotografem e enviem pelo whatsApp privado.
Áreas da Filosofia
Primeiras Séries
O que é filosofia? Uma forma de
responder essa questão é através de uma visão geral das suas principais áreas
de estudo – metafísica, epistemologia, filosofia moral,
filosofia política, lógica, filosofia da arte – e dos vários problemas
abordados em cada uma delas.
Conhecer isso permite uma ter uma noção
global do que essa disciplina trabalha. Para usar uma analogia, imagine que é
um turista explorando uma nova cidade. Você olha o mapa para ter uma visão
geral, conhecer algumas avenidas principais e onde estão os pontos de seu
interesse, os lugares que deseja visitar. Conhecer as áreas de estudo e
problemas da filosofia é como olhar um mapa. Você terá uma visão geral da
disciplina e, assim, saberá, em certo sentido, o que ela é e poderá identificar
os temas e problemas que deseja conhecer.
Metafísica
A palavra “metafísica” é um conjunto de textos aristotélicos que significa “aquilo que está
depois da física.” Qual o sentido dessa expressão? A física estuda a natureza e
seus fenômenos, porém isso não esgota o que pode ser questionado sobre a
realidade. Existem aspectos dela que são ainda mais fundamentais. É essa realidade, que está “depois da
física”, o objeto de estudo da metafísica.
Um exemplo clássico de questão metafísica é se o universo é
composto apenas por objetos materiais ou se também existem coisas que não são
materiais, como a alma ou Deus.
Entre as várias perguntas metafísicas estão:
O que é o ser? Ou seja, quais as características
fundamentais disso que chamamos de real?
Por que existe algo em vez de não existir nada?
Qual a origem de tudo o que existe? Existe Deus?
Existe alma?
A mente é algo imaterial? Ou os pensamentos são totalmente
produzidos pelo cérebro?
Os seres humanos têm livre-arbítrio? Ou a liberdade não
passa de uma ilusão?
Epistemologia
Epistemologia vem do grego episteme que significa
“conhecimento” e logos que significa “teoria”. Literalmente, então, trata-se de
uma teoria do conhecimento. De maneira geral, essa área da filosofia se ocupa
do conhecimento, procura definir o que ele é, como ele é possível, além de
abordar tipos específicos de conhecimento, como a ciência.
Algumas das questões colocadas nessa área da filosofia
são:
Como sei que existo? Como saber se não está sonhando
nesse exato momento?
O que é conhecimento? O que significa afirmar que se
conhece algo?
Como conhecemos a realidade?
Quais os limites do nosso conhecimento? O que podemos
conhecer e o que não podemos conhecer?
Qual a natureza do conhecimento
produzido pela ciência?
Filosofia Moral ou ética
O ser humano vive em sociedade e para que a convivência
seja possível existem os códigos morais. A moral, nesse sentido, da origem a
uma série de discussões filosóficas. Como, por exemplo:
Será que uma vida justa é feliz?
Qual a natureza da moral? Regras morais são válidas universalmente
ou não passam de convenções sociais?
O que é certo e o que é errado?
Além disso, dentro da filosofia moral há a chamada ética
prática. Como o nome sugere, se trata de discussões filosóficas sobre problemas
práticos presentes nas sociedades contemporâneas. Algumas dessas questões são:
Temos o dever moral de fazer caridade?
Praticar um aborto é moral?
É certo usar animais para alimentação ou pesquisa? Ou
todos deveriam se tornar vegetarianos?
É correto praticar
eutanásia?
E quanto ao melhoramento genético, que poderá se tornar
possível em breve, quais suas implicações?
Filosofia Política
A filosofia política também pressupõe a convivência do
homem em sociedade. Mas nesse caso, o principal objeto de discussão é a própria
forma como se da a organização social.
Algumas das questões discutidas pela filosofia política
são:
É necessário um governo para a sociedade? Como ele deve
ser?
Devemos aceitar a autoridade do Estado?
Quais os limites do poder do governo?
Os cidadãos deveriam ter direitos?
Como distribuir de maneira justa o que é produzido pela
sociedade? Justiça é sinônimo de igualdade? Ou de respeito aos direitos
individuais?
Qual a natureza das desigualdades de gênero? Elas são
justas?
Lógica
Uma das características centrais da
filosofia é seu caráter argumentativo. Um filósofo deve saber argumentar para
justificar o que diz, portanto, não há nada mais importante que a lógica. Isso
porque a lógica estuda as formas corretas e incorretas de argumentação. Em
outras palavras, como diferenciar um argumento válido de um argumento inválido.
É através de seu estudo que aprendemos a avaliar melhor argumentos apresentados
por outras pessoas, saber se são bons ou não, além de possibilitar que
melhoremos nossa capacidade de construir argumentos.
Os estudantes farão o destaque de três áreas da Filosofia e suas contribuições para o mundo, além de trazer uma área da Filosofia que tenha surgido no século XX e que, agora, no século XXI esteja ajudando à pensar os problemas da atualidade. Para isso, farão um pequeno texto exemplificando as devidas áreas e suas contribuições.
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