terça-feira, 25 de abril de 2017

A ÉTICA DE PLATÃO / Segundos Anos


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Platão

Excerto da obra "Textos Básicos de Ética, de Platão à Foucault" de Danilo Marcondes pág. 15 à 35, Ed. Zahar.

terça-feira, 28 de março de 2017

A EXISTÊNCIA ÉTICA (2017)


Senso Moral e Consciência Moral

Muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos nacionais e internacionais de luta contra a fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no nosso, milhares de pessoas, sobretudo crianças e velhos, morrem de penúria e inanição. Sentimos piedade. Sentimos indignação diante de tamanha injustiça (especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem na abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, participamos de campanhas contra a fome. Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso moral.

Quantas vezes, levados por algum impulso incontrolável ou por alguma emoção forte (medo, orgulho, ambição, vaidade, covardia), fazemos alguma coisa de que, depois, sentimos vergonha, remorso, culpa. Gostaríamos de voltar atrás no tempo e agir de modo diferente. Esses sentimentos também exprimem nosso senso moral.

Em muitas ocasiões, ficamos contentes e emocionados diante de uma pessoa cujas palavras e ações manifestam honestidade, honradez, espírito de justiça, altruísmo, mesmo quando tudo isso lhe custa sacrifícios. Sentimos que há grandeza e dignidade nessa pessoa. Temos admiração por ela e desejamos imitá- la. Tais sentimentos e admiração também exprimem nosso senso moral.

Não raras vezes somos tomados pelo horror diante da violência: chacinas de seres humanos e animais, linchamentos, assassinatos brutais, estupros, genocídio, torturas e suplícios. Com freqüência, ficamos indignados ao saber que um inocente foi injustamente acusado e condenado, enquanto o verdadeiro culpado permanece impune. Sentimos cólera diante do cinismo dos mentirosos, dos que usam outras pessoas como instrumento para seus interesses e para conseguir vantagens às custas da boa-fé de outros. Todos esses sentimentos manifestam nosso senso moral.

Vivemos certas situações, ou sabemos que foram vividas por outros, como situações de extrema aflição e angústia. Assim, por exemplo, uma pessoa querida, com uma doença terminal, está viva apenas porque seu corpo está ligado a máquinas que a conservam. Suas dores são intoleráveis. Inconsciente, geme no sofrimento. Não seria melhor que descansasse em paz? Não seria preferível deixá-la morrer? Podemos desligar os aparelhos? Ou não temos o direito de fazê- lo? Que fazer? Qual a ação correta?

(...) Um pai de família desempregado, com vários filhos pequenos e a esposa doente, recebe uma oferta de emprego, mas que exige que seja desonesto e cometa irregularidades que beneficiem seu patrão. Sabe que o trabalho lhe permitirá sustentar os filhos e pagar o tratamento da esposa. Pode aceitar o emprego, mesmo sabendo o que será exigido dele? Ou deve recusá-lo e ver os filhos com fome e a mulher morrendo?

(...) Uma mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha e esfomeada roubar frutas e pães numa mercearia. Sabe que o dono da mercearia está passando por muitas dificuldades e que o roubo fará diferença para ele. Mas também vê a miséria e a fome da criança. Deve denunciá-la, julgando que com isso a criança não se tornará um adulto ladrão e o proprietário da mercearia não terá prejuízo? Ou deverá silenciar, pois a criança corre o risco de receber punição excessiva, ser levada para a polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora, revoltada, passar do furto ao homicídio? Que fazer?

(...) Situações como essas – mais dramáticas ou menos dramáticas – surgem sempre em nossas vidas. Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam apenas nosso senso moral, mas também põem à prova nossa consciência moral, pois exigem que decidamos o que fazer, que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas as consequências delas, porque somos responsáveis por nossas opções.

Todos os exemplos mencionados indicam que o senso moral e a consciência moral referem-se a valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos provocados pelos valores (admiração, vergonha, culpa, remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo) e a decisões que conduzem a ações com consequências para nós e para os outros. Embora os conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão referidos a um valor mais profundo, mesmo que apenas subentendido: o bom ou o bem. Os sentimentos e as ações, nascidos de uma opção entre o bom e o mau ou entre o bem e o mal, também estão referidos a algo mais profundo e subentendido: nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento e de alcançar a felicidade, seja por ficarmos contentes conosco mesmos, seja por recebermos a aprovação dos outros.

O senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva.

Juízo de fato e de valor
Se dissermos: “Está chovendo”, estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós e o juízo proferido é um juízo de fato. Se, porém, falarmos: “A chuva é boa para as plantas” ou “A chuva é bela”, estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. Nesse caso, proferimos um juízo de valor.

Juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por que são. Em nossa vida cotidiana, mas também na metafísica e nas ciências, os juízos de fato estão presentes. Diferentemente deles, os juízos de valor - avaliações sobre coisas, pessoas e situações - são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião.

Juízos de valor avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis. Os juízos éticos de valor são também normativos, isto é, enunciam normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos atos, nossos comportamentos. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo o critério do correto e do incorreto.
Os juízos éticos de valor nos dizem o que são o bem, o mal, a felicidade. Os juízos éticos normativos nos dizem que sentimentos, intenções, atos e comportamentos devemos ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade. Enunciam também que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de vista moral.

Como se pode observar, senso moral e consciência moral são inseparáveis da vida cultural, uma vez que esta define para seus membros os valores positivos e negativos que devem respeitar ou detestar.

Qual a origem da diferença entre os dois tipos de juízos? A diferença entre a Natureza e a Cultura. A primeira, como vimos, é constituída por estruturas e processos necessários, que existem em si e por si mesmos, independentemente de nós: a chuva é um fenômeno meteorológico cujas causas e cujos efeitos necessários podemos constatar e explicar.

Por sua vez, a Cultura nasce da maneira como os seres humanos interpretam a si mesmos e suas relações com a Natureza, acrescentando-lhe sentidos novos, intervindo nela, alterando-a através do trabalho e da técnica, dando-lhe valores. Dizer que a chuva é boa para as plantas pressupõe a relação cultural dos humanos com a Natureza, através da agricultura. Considerar a chuva bela pressupõe uma relação valorativa dos humanos com a Natureza, percebida como objeto de contemplação.

Frequentemente, não notamos a origem cultural dos valores éticos, do senso moral e da consciência moral, porque somos educados (cultivados) para eles e neles, como se fossem naturais ou fáticos, existentes em si e por si mesmos. Para garantir a manutenção dos padrões morais através do tempo e sua continuidade de geração a geração, as sociedades tendem a naturalizá-los. A naturalização da existência moral esconde, portanto, o mais importante da ética: o fato de ela ser criação histórico-cultural.

CHAUI, Marilena. Convite à  Filosofia. 567p.  2013 .http:/

/proenem.sites.ufms.br/wp-content/blogs.dir/64/files/2013/03/Convite-Filosofia-Marilena-Chaui.pdf

sexta-feira, 17 de março de 2017

Tarefa dos 3ºs anos para a próxima semana. dia 21/03.


PLATÃO e a APOLOGIA DE SÓCRATES

Leiam as páginas 19, 20 21, 22 e 23 até o primeiro parágrafo, respondam as perguntas 1, 2 e3 da página 42.

A REPÚBLICA - A ALEGORIA DA CAVERNA

Leiam as páginas 39,40, 41 e 42, respondam as perguntas 19, 20, 21, 22, 23 e 24 das páginas 43 e 44.


Clique neste link:  Sócrates e Platão

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

1ª Aula dos 3ºs anos - 2017 - Aula Inaugural - Estética

"A Escola de Atenas"




Autor - Raffaello Sanzio
Data - 1509-1511 cerca
Técnica - Afresco
Dimensão - 500×770 cm
Local- Museu Vaticano, Città del Vaticano


Apresentação da obra e dos filósofos que serão trabalhados no bimestre a partir da " A Escola de Atenas" do pintor renascentista Raffaello Sanzio.

Conceito e história do termo: estética só foi introduzida no vocabulário filosófico em 1750, pelo filósofo alemão Alexander Baumgarte.

Etimologia:
Estética. Do grego aisthesis, significa “faculdade de sentir”, “compreensão pelos sentidos”, “percepção totalizante” (perceber o todo).
Segundo Baumgarten a estética é a experiência sensível, e a partir do estudo da estética pode-se desenvolver uma “ciência do sensível” (experiência) pensando o sensível segundo um critério.
A estética como uma reflexão filosófica, enquanto uma experiência do sensível.
Não há experiência estética sem o sensível. Este sensível nos leva a procurar conhecer o conceito de arte, mas não é qualquer sensível, mas aquele que a obra de arte nos apresenta.
Seguindo alguns critérios, iremos iniciar esta experiência ou este movimento, que nos levará à experiência estética:

Observação [ observar com atenção]
Descrever [ tentar passar a real figura da obra de arte com palavras]
Interpretar [ deve basear-se nos elementos da obra]
Avaliação estética [ atribuir valor: falar sobre as qualidades da obra]
Reflexão filosófica [ pensar sobre a obra e sobre o que ela significa]

Segundo Paul Valéry:
“A superioridade do homem sobre os restantes seres da natureza, é devida aos seus pensamentos inúteis”.

É na inutilidade da arte que fazemos a diferença, buscando a contemplação ou a expressão do que sentimos. A obra de arte nos oferece meios para purificarmos nosso “espírito”, ou alimentar a nossa “mente”.

Exercício de reflexão
Apesar do valor intrínseco da arte, a educação estética para Schiller não é um fim em si mesmo, mas um processo pelo qual a humanidade precisa passar para retornar à sua essência verdadeira. Nesse ponto, terá atingido a necessária liberdade para se transformar no que achar apropriado dentro das circunstâncias existentes. (ARANHA e MARTINS, 2009, pág. 445). 

Como Schiller, podemos dizer que faz parte da educação de um povo a inserção na cultura através da aprendizagem estético-filosófica, cabe ao professor de filosofia apresentar obras que modificaram o modo de pensar de uma geração, como a obra renascentista de Raffaello Sanzio.
Escola de Atenas exalta a busca racional. O afresco, emoldurado por um arco pintado, retrata os mais famosos filósofos e matemáticos da antiguidade, um em diálogo com o outro, dentro de um edifício clássico imaginário, representada em perspectiva perfeita.
As figuras estão dispostas substancialmente em dois planos definidos por uma escada ampla que corta toda a cena. Um primeiro e maior grupo está disposto em ambos os lados de um par central de figuras conversando, identificados como Platão e Aristóteles. Um segundo grupo independente, que foram identificados pensadores interessados no conhecimento da natureza e dos fenômenos celestes, é colocado no primeiro plano do lado esquerdo, ao passo que uma terceira, que também é independente, restritos e dispostos simetricamente em relação ao segundo, é difícil a identificação âmbito intelectual, apesar dos esforços dos estudiosos; pista é a presença de uma figura identificada em Euclides (ou Arquimedes), o que denota a intenção de estabelecer uma prova geométrica.
O grande afresco constitui definitivamente um "manifesto" do homem, uma concepção antropocêntrica Renascentista. O homem domina a realidade, graças às suas faculdades intelectuais, colocando-se no centro do universo, em uma linha de continuidade entre a Antiguidade clássica e o cristianismo. Se a perspectiva recorda a estrutura da antiga basílica, a geometria em que os personagens estão dispostos simboliza a confiança de Raffaello na ordem do mundo, uma ordem divina e intelectual ao mesmo tempo.


Segundo Giovanni Reale (1997):
 "A arte de Raffaello é um atenuante da metafísica", a justa medida, o que para Platão coincide com o bem e com a verdade e [...] é, portanto, o supremo Bem e a Verdade perante o Belo. E eu acredito que com a assinatura do ‘pequeno entre os grandes’, Raffaello também se apresenta como um filósofo, sem dúvida, nesta dimensão: a arte é alta filosofia, como explicação de harmonias numéricas, de beleza visível, tornando-se harmonias, em última análise, a estrutura do ser".


Referências Bibliográficas:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: Introdução à Filosofia/ Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. – 4. Ed. – São Paulo: Moderna, 2009.

REALE, Giovanni.  La scuola di Atene di Raffaello, Bompiani, Milão 2005, p. 65-68.

SÃO PAULO, Currículo do Estado. Caderno do Professor/ Filosofia, 3ª série, vol.1, Nova edição, São Paulo, 2014 – 2017.

THARRATS, Joan-Josep. História Geral da Arte, Ed. Del Prado, 1995, Espanha.

VALERY. Paul, Apud: História Geral da Arte, Ed. Del Prado, 1995, Espanha.

Aula em pdf: 
Estética

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

René Descartes e o Racionalismo - 2ºs anos do Ensino Médio - 2017




A DESCOBERTA DA RAZÃO

           Há uma linha direta de pensadores que nasce em Sócrates e Platão, passa por Santo Agostinho e chega a Descartes. Todos eram racionalistas típicos, convictos de que a razão é o único caminho para o conhecimento. Depois de muito estudar, Descartes concluiu que o conhecimento herdado da Idade Média não era necessariamente confiável. Tal como Sócrates, decidiu criar uma filosofia própria.
            Descartes foi o fundador da filosofia moderna. Após a impetuosa redescoberta do homem como centro de tudo (antropocentrismo) e da Natureza no Renascimento, a necessidade de reunir o pensamento contemporâneo em um sistema filosófico coerente voltou a se apresentar. Descartes foi o primeiro a formular um sistema desses. A ele se seguiram Spinoza e Leibniz, Locke e Berkeley, Hume e Kant.

          O SISTEMA CARTESIANO
           A principal preocupação de Descartes era com aquilo que podemos conhecer, ou, em outras palavras, o conhecimento verdadeiro. Quando se tratava da aquisição do conhecimento verdadeiro, muitos dos contemporâneos de Descartes expressavam um total ceticismo filosófico. Achavam que o homem deveria aceitar o fato de que nada sabe. Mas Descartes não aceitava tal imposição.
            Foi na época de Descartes que as novas ciências naturais elaboraram um método científico que propiciaria descrições precisas dos processos e fenômenos naturais. Descartes se perguntou se haveria um método igualmente confiável de reflexão filosófica. O sistema que ele procurava deveria ser uma filosofia construída de modo a incluir todos os aspectos da realidade do mundo e buscar as explicações para todas as questões centrais da filosofia. A Antiguidade teve grandes construtores de sistemas, nas figuras de Platão e Aristóteles. A Idade Média teve são Tomás de Aquino, que tentou construir uma ponte entre a filosofia de Aristóteles e a teologia cristã. Em seguida, veio o Renascimento, com a fusão de novas e velhas crenças sobre a Natureza e a ciência, Deus e o homem. Mas foi somente no século XVII que os filósofos passaram a tentar reunir novas ideias em sistemas filosóficos claros e o primeiro a fazê-lo foi Descartes.

        PRIMEIRA VERDADE – PENSO, LOGO EXISTO
          Descartes era matemático e pretendia usar o “método matemático” até mesmo para filosofar. Estava disposto a provar verdades filosóficas da mesma forma que se demonstra um teorema matemático, ou seja, pelo uso da razão, uma vez que apenas a razão pode nos dar a certeza sobre as coisas, pois acreditava que não é certo que podemos confiar em nossos sentidos. Considerava que somente poderia ser aceito como verdadeiro aquilo que se apresentasse claro e distintamente à razão. Para tanto, Descartes estabelece quatro regras (método cartesiano) por ele aplicadas para fundamentar sua filosofia:

1 – Regra da EVIDÊNCIA: acolher apenas o que aparece ao espírito como ideia clara e distinta;
2 – Regra da ANÁLISE: dividir cada dificuldade em parcelas menores para resolvê-las por parte;
3 – Regra da ORDEM: conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais   simples e mais fáceis de conhecer para só depois avançar nos mais complexos e compostos e
4 – Regra da ENUMERAÇÃO: fazer revisões gerais de tudo o que foi feito para se ter certeza de que nada foi omitido.

O objetivo de Descartes era chegar a uma certeza sobre a natureza da vida, isto é, em que ela consiste. Ele começou por afirmar que, em primeiro lugar, devemos duvidar de tudo. Isso porque ele buscava um fundamento para seu sistema que fosse absolutamente sólido, acima de qualquer dúvida. 

Era importante para Descartes libertar-se de todo o conhecimento herdado antes de construir um sistema filosófico, porque percebeu que tal conhecimento não lhe garantia a construção de um sistema seguro.

O exercício da dúvida cartesiana tornou-se uma referência importantíssima e um clássico da filosofia moderna. Tal exercício foi conduzido pelo filósofo da seguinte maneira:

Dúvida metódica: porque a dúvida vai se ampliando passo a passo, de maneira ordenada e lógica;
Dúvida radical: porque a dúvida vai atingindo a tudo e chega a um ponto extremo em que não é possível ter certeza de nada, nem de que o mundo existe. Como em um jogo, uma brincadeira, Descartes tentou duvidar, até da própria existência. É uma dúvida também chamada hiperbólica, isto é, maior do que o normal, maior do que o esperado, bastante difícil de atingir.

Assim, dizia ele, mesmo o que vemos com nossos próprios olhos está longe da certeza. Sabemos que, às vezes, nossos sentidos nos iludem. Como ter certeza, então, de que não estamos sendo iludidos o tempo todo? Descartes chegou a pensar que poderia ser bastante possível que nossa vida inteira não passasse de um sonho.

“Quando penso bem sobre isso, não encontro uma única característica que marque com certeza a diferença entre o estar acordado e o sonho”, escreveu ele. E prosseguiu: “Como podemos estar certos de que toda a nossa vida não passa de um sonho?”. Duvidava, até mesmo, da existência de seu corpo e das coisas do mundo exterior.

Parecia não haver nada de que pudesse estar certo. Mas Descartes tentou avançar a partir desse ponto zero. Logo se deu conta de que pouca coisa restava além da dúvida. Duvidava de tudo e essa era a única coisa de que tinha certeza. Mas então lhe ocorreu uma ideia: havia, afinal, algo verdadeiro e era o fato de que duvidava. Quando ele duvidava, percebia que estava pensando e, porque estava pensando, tinha de ser verdadeiro que ele existia. Ou, como ele mesmo expressou: Cogito ergo sum, que significa “Penso, logo existo”. Essa conclusão lhe dava garantia de que existia, pois não era possível imaginar alguém tendo um pensamento de dúvida e não existir.

Descartes descobriu, então, que existia porque ele pensava, independentemente de possuir um corpo, algo que ele já tinha posto em dúvida. Assim, chegou à conclusão de que possuir um corpo não faria parte da sua natureza absoluta, isto é, não faria parte da sua descoberta. Sua essência seria a de ser algo pensante, ou como ele mesmo expressou: sum res cogitans, que significa: “Sou um ser pensante”.

Referências:
CHAUI, Marilena. Convite a Filosofia. Editora Ática, São Paulo, 1997.


Para ilustrar, vamos ler essa história em quadrinhos: Escrita por Fred Van Lente e Ilustrada por Ryan Dunlavey.

Para os 3ºs do Ensino Médio - 2017




Título:Textos Básicos de Filosofia Autor:Danilo Marcondes Editora: Jorge Zahar Ano: 2007 Páginas: 180 ISBN/EAN: 9-788571-105201

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Textos Básicos de Filosofia